Evitar o pronto-a-vestir

Em Espanha, os grandes partidos têm o exclusivo do sinal dos seus comícios.

Uma campanha, seja publicitária, eleitoral ou de qualquer tipo, é sempre redutora na mensagem. No caso presente nem nos podemos queixar. A pré foi elucidativa, suscitou questões e descobriu perguntas que ainda não tiveram resposta cabal: os 600 milhões da coligação e os 1,1 milhões, em quatro anos, do PS, ambos relativos aos dinheiros da Segurança Social.

As televisões, veículos de massa alimentados pela força do directo, sofrem esta pressão. A diferença está na edição, na tentativa de um olhar próprio. Não é fácil. E, mais uma vez, cá no burgo, não nos podemos queixar.

Em Espanha, os grandes partidos têm o exclusivo do sinal dos seus comícios que enviam aos operadores. Qual é o problema? Filmam o que querem, como querem. A consequência é uma monotonia que resiste ao zapping. Afinal, o Podemos não é fruto, apenas, dos indignados da Plaza Mayor madrilena. E as comparações não são benignas. Um exemplo: Sabe, leitor, que Júlio Iglesias tem um lado bom da sua cara, o esquerdo, que é o focado?

Mas a tentação é grande, pois algumas imagens e episódios são determinantes. A campanha eleitoral reivindica uma política de proximidade, na qual, por vezes, o gesto vale mais que a palavra. E a bonomia dos protagonistas leva ao insólito, a que é difícil de resistir. António Costa a saltar, em bom estilo, no palco em Vila Real foi a estrela das imagens da 25ª Hora da TVI24 desta terça-feira. Nem sempre é possível resistir ao pronto-a-vestir.

 

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