“Este Governo devia cair”, diz D.Januário Torgal Ferreira

D. Januário Torgal Ferreira falava após um debate de mais uma iniciativa dos “Animados” na sede da Associação 25 de Abril, em Lisboa.

Foto
D. Januário Torgal Ferreira compara "alguns" ministros a "diabinhos negros" Foto: Daniel Rocha

O antigo bispo das Forças Armadas afirmou esta quarta-feira que “este Governo devia cair”.

“Não sou político, mas não tenho receio de dizer que com novas pessoas havia um tratamento mais justo e mais democrático”, disse D.Januário referindo-se a uma mudança de executivo.

“Não excluo que o Governo deva cair, são necessárias eleições”, sublinhou.

“Estas eleições [europeias] devem ser a prova de que o povo quer participar e devemos exigir as consequências do nosso voto”, comentou o ex-bispo das Forças Armadas e uma das vozes da Igreja mais crítica com o Governo liderado por Passos Coelho.

“Há o perigo da decepção, do desencanto”, reconheceu referindo-se ao acto eleitoral de 25 de Maio.

“Isto [Portugal] não é uma quinta do arco governativo, se este arco governativo não for representado nas eleições têm de tirar as consequências”, advertiu.

Na sua intervenção perante os sócios da Associação 25 de Abril, interrompida pela má disposição que levou ao internamento do coronel Vasco Lourenço, D. Januário Torgal Ferreira referiu o exemplo de D. António Ferreira Gomes, o bispo do Porto obrigado ao exílio pelo ditador Salazar, e do padre Abel Varzim, destacado membro da Acção Católica que também acabou no exílio.

“Não sou cúmplice do Estado nem no aspecto positivo nem no aspecto negativo.

“A Igreja que tem os seus pecadores tem também os seus santos, por isso se um ministro me diz que escolha entre ser bispo e comentador do Mundo sinto-me à vontade, serei bispo em defesa dos pobres do Mundo”, disse, numa referência à polémica com o titular da Defesa Nacional, José Pedro Aguiar-Branco.

“O que há no areópago político é ajuste de contas. Agora gritam-se hossanas de vitória, tudo isto foi pago através do nosso sangue e do nosso dinheiro”, ponderou.

“Porque não discutimos o desemprego, porque é que as pessoas buscam associações de silêncio para não discutirem de cara aberta?”, interrogou.

D. Januário Torgal Ferreira advogou por uma maior proximidade entre eleitos e eleitores – “devemos falar com os nossos porta-vozes” -, e criticou o léxico político da crise: “O que é a zona de conforto se nem conforto dá?"
 

Sugerir correcção
Comentar