Empresas suíças convidadas a testar modelo de educação dual em Portugal

No último dia da visita de Estado à União Helvética, Marcelo Rebelo de Sousa criticou a opção precoce pelo ensino profissional feita pelo anterior governo, mas vê vantagens no modelo suíço que o seu homólogo quer trazer para as empresas instaladas em Portugal.

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O Presidente suíço ofereceu uma recepção ao homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa AFP/ANTHONY ANEX

O Presidente da República considerou esta terça-feira que o ensino vocacional defendido pelo anterior Governo PSD/CDS-PP impunha uma escolha que "era precoce" e "condenava a uma discriminação", mas disse ver vantagens no modelo suíço.

Marcelo Rebelo de Sousa falava com o Presidente da Suíça ao seu lado, no final de uma visita à empresa Rondo, em Burgdorf, a cerca de 30 quilómetros de Berna, que dá formação a alunos de cursos profissionais a partir dos 15 anos, como parte de um modelo dual de ensino.

"Aquilo a que assistimos aqui não é o que estava previsto em Portugal. A escolha em Portugal era muito mais cedo, era precoce. Aqui estamos a falar de jovens mais velhos que numa fase ulterior fazem essas escolhas", afirmou o Presidente da República, em resposta aos jornalistas.

Segundo o chefe de Estado, o que o actual Governo do PS fez foi "substituir uma escolha prematura que condenava a uma discriminação, a uma desigualdade do ponto de vista social". "O que vimos aqui foi uma coisa diferente. Foi que mais tarde é possível escolher um caminho vocacional que tem vantagens para o futuro", acrescentou.

Questionado se pensa que Portugal se deve aproximar do ensino dual da Alemanha ou da Suíça, o Presidente da República respondeu que "não se pode copiar modelos tal como eles são", mas defendeu que se deve "olhar para a experiência de países que estão uns passos à frente em termos económicos e em termos sociais".

Marcelo Rebelo de Sousa termina hoje uma visita de Estado à Suíça que começou na segunda-feira, a convite do Presidente suíço, Johann N. Schneider-Ammann, que o acompanhou em todos os pontos de agenda oficial.

A Suíça só recebe uma ou duas visitas de Estado por ano e no convite ao Presidente português pesou a dimensão da comunidade portuguesa neste país, que é a terceira maior, com cerca de 300 mil pessoas. O chefe de Estado chegou à Suíça no domingo à tarde, dia em que se encontrou com representantes dessa comunidade, em Genebra.

Hoje, durante a visita à empresa Rondo, o Presidente suíço reiterou a sua proposta para "contactar empresas suíças com filiais em Portugal" para que estas eventualmente possam aplicar "a filosofia do sistema suíço" de ensino profissional em Portugal. "Por que não? E eu propus ao Presidente de Portugal empenhar-me e ajudar e fazer contactos para ver o que se pode fazer. Temos de apostar na parte prática e não apenas na teoria", advogou. 

Interrogado sobre os benefícios formação profissional, Johann N. Schneider-Ammann respondeu que são simples de explicar: "Temos pleno emprego".

Durante esta visita, Marcelo Rebelo de Sousa ouviu jovens de 15, 16 e 24 anos explicarem a sua opção pela via profissional de ensino e voltou a saudar a proposta do Presidente suíço. "Não podemos desperdiçar uma oportunidade oferecida pela Suíça através das empresas que estão em Portugal. Não quer dizer que seja o único caminho e que as duas realidades sejam iguais", considerou.

No seu entender, "pode ser muito útil para Portugal", que "está já a seguir um caminho de ensino vocacional", mas não com "a mesma dimensão" da Suíça.

"O Governo reformulou, não afastou a ideia vocacional profissional, essa é uma das ideias fundamentais no quadro do ensino português. Portanto, pode beneficiar desta disponibilidade de apoio que foi manifestado pelo senhor Presidente suíço e que se traduzirá nas várias empresas suíças em Portugal", acrescentou.

 

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