As fracturas que se abriram no PSD-Porto, em 2013, por altura das eleições autárquicas, em que uma parte do partido, próxima de Rui Rio, apoiou o independente Rui Moreira e outra esteve com o candidato oficial, Luís Filipe Menezes, podem reabrir-se de novo. Mas desta vez, Rui Rio não está com Rui Moreira.

As eleições para o Núcleo Ocidental do Porto (NOP) do PSD, que decorrem esta sexta-feira e às quais concorrem duas listas, evidenciam, de novo, divisões internas, entre “riistas” de um lado, que querem que o partido apresente um candidato próprio, e “moreiristas” do outro, que defendem a reeleição de Rui Moreira.

Dos apoiantes de Miguel Corte Real, que subscreve uma das listas ao NOP – a outra é liderada por Luís Osório –, há funcionários da Câmara do Porto, um administrador da Porto Lazer - Empresa e Desporto e Lazer do município, um advogado da própria autarquia e outro da Junta de Freguesia de Ramalde. O próprio Miguel Corte Real trabalha para o município gerido por Rui Moreira, sendo responsável pelos sites da autarquia/empresas municipais.

Os apoiantes de Corte Real entendem que o partido deve renunciar a uma candidatura própria e apoiar o actual autarca. Manuel Abreu Amorim (ex-líder da bancada do PSD na Assembleia Municipal de Vila do Conde), que subscreve esta lista, foi por estes dias ao plenário de militantes da concelhia do PSD-Porto dizer isso mesmo, vaticinando uma derrota nas autárquicas. Mas não esteve sozinho. Na sala ouviu-se: ”O PSD está morto!” e “o PSD não percebe os militantes”.

Em declarações ontem ao PÚBLICO, o advogado, que é irmão do deputado Carlos Abreu Amorim, assume que “Rui Moreira representa naturalmente o espaço de direita no Porto e é quase contranatura estar a ser apoiado pelo PS": "O PSD podia apoiá-lo, porque 90% dos simpatizante sociais-democratas da cidade apoiam-no”.

Manuel Abreu Amorim lamenta que “egos pessoais” se tenham sobreposto a esta vontade, o que “levou a um extremar de posições”, e dá a entender que o partido ainda se uniria em torno de Rui Rio, mas se o ex-autarca estivesse disponível para ser, de novo, candidato ao Porto.

“O Porto é uma cidade que não gosta de exibicionismos e de dinheiro que é gasto e que não se sabe de onde vem", afirma numa alusão ao ex-candidato social-democrata ao Porto. “Luís Filipe Menezes ia fazer tudo [e perdeu]", recorda o advogado.

Com Luís Osório, que se recandidata à liderança do NOP, está Rui Rio como primeiro subscritor da lista, que é também apoiada por José Pedro Aguiar-Branco, Alberto Lima, Agostinho Branquinho, Miguel Pereira Gomes, Gabriela Queirós, Domingos Togal e António Salazar (estes dois últimos fundadores do partido), entre outras figuras.