É “irónico” que a direita reclame louros do emprego, diz Catarina Martins

Dirigente do Bloco avisa Governo que é preciso mais justiça fiscal, protecção laboral e combate ao abandono do interior.

Foto
LUSA/RUI MINDERICO/LUSA

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, considera "irónico" que o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, diga que a subida do emprego em Portugal se deve aos governos de direita.

"Não deixa de ser irónico que depois de, há um ano, termos ouvido a direita tão furiosa dizendo do perigo que era o aumento do salário mínimo nacional e como esse aumento ia provocar desemprego, hoje, quando se vê que na verdade uma estratégia diferente criou emprego, vejam lá que Pedro Passos Coelho veio dizer que o emprego foi criado, graças aos governo da direita", afirmou a dirigente este sábado.

Catarina Martins concluiu que "ouve-se de tudo no país e, às vezes, falta um bocadinho de bom senso", enquanto discursava num comício para as eleições autárquicas em Vila Flor, concelho do distrito de Bragança onde o BE apresenta, pela primeira vez uma candidatura, liderada por Rui Guerra, antigo militante socialista que avança num município bastião do PS.

A líder do Bloco começou por fazer o balanço do acordo com o PS e o Governo vincando que, "passado um ano, a economia, em Portugal, começou a crescer", o país tem "a taxa de desemprego mais baixa da época" e, "mais importante" para Catarina Martins, criaram-se "mais de 150 mil postos de trabalho".

"Hoje sabemos que não há ninguém que possa negar, no país, que a estratégia de combate ao empobrecimento foi importante para cada uma das pessoas que aqui trabalha e que, para além disso, é boa para a economia", reiterou. Catarina Martins enfatizou que recuperar salários e pensões responde "à dignidade das pessoas, mas também à economia real do país, porque quem vive do seu salário, da sua pensão não vai a correr pôr o seu dinheiro numa offshore [paraíso fiscal] como os abutres das privatizações". "Vai gastá-lo aqui, naquilo que precisa; vai fazer a economia mexer", vincou.

A coordenadora do BE entende que "os bons resultados económicos e os passos dados ainda não chegam" e lembrou que "há 2,6 milhões de pessoas a viverem em situação de pobreza em Portugal, pensionistas a fazerem contas difíceis todos os dias, trabalhadores a quem o salário não chega, e que há tanta gente sem emprego".

Catarina Martins defende "três factores essenciais a focar nos próximos tempos: a melhor distribuição do esforço que é feito, com justiça fiscal; proteger quem trabalha, ser "duros em matérias como a legislação laboral"; e "combater o abandono do território do interior".

O Bloco entende que "é muito necessária" a descentralização em debate no país, mas Catarina Martins alerta: "Não podemos é cair no engano de achar que descentralizar é passar competências para autarquias que não têm meios." E vincou que "municipalizar serviços num país que é tão desequilibrado sem encontrar mecanismos de solidariedade nacional e de co-responsabilização democrática significa apenas que as povoações mais pequenas vão ter serviços públicos de segunda e isso nós não podemos aceitar."

Sugerir correcção
Ler 11 comentários