Cristas defende alívio em todos os escalões de IRS e critica os “cortes com sorrisos”

Líder do CDS acusa Governo de "vender realidade cor-de-rosa".

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Cristas encerrou a rentrée do CDS em Lisboa LUSA/TIAGO PETINGA

 

A tarde ainda não tinha chegado a meio e já se saudava a denúncia da “guerra fratricida” entre BE e PCP na Autoeuropa. Nuno Magalhães, líder parlamentar do CDS, era cumprimentado por vários centristas fora da sala onde lançou esse ataque à esquerda. Outros ataques à “geringonça” viriam a ser lançados na convenção autárquica nacional do CDS, que decorreu este sábado. No encerramento, Assunção Cristas, líder do CDS e candidata a Lisboa, reforçou as críticas ao Governo do PS seja porque vende uma “realidade cor-de-rosa” que contrasta com a “degradação dos serviços públicos”, seja porque é “injusto” ao pretender baixar apenas o IRS em dois escalões.  

Numa sessão que juntou o momento de campanha autárquica com a rentrée do partido, Assunção Cristas deixou a sua posição sobre o alívio fiscal no IRS que o Governo está a negociar com os parceiros à esquerda para os dois últimos escalões. Questionou se havia margem e disse que, havendo, então deverá ser para todos os escalões. Porque é “injusto” ser apenas para dois, porque “não há portugueses de primeira e de segunda”. “Se há margem, então que se aplique a todos”, rematou, num discurso já ao princípio da noite, quando muitos candidatos já tinham abandonado o Centro de Congressos de Lisboa para regressarem às suas terras. A posição do CDS diverge, para já, do que foi defendido pelo líder do PSD. Passos Coelho não especificou os escalões que deveriam ter desagravamento, preferindo atacar o Governo por pretender aplicar a medida através do aumento do número de escalões. 

A mensagem Assunção Cristas passou em revista os argumentos dos últimos meses. Acusou o Governo de “vender uma realidade cor-de-rosa” que contrasta com o “dia-a-dia no terreno, com a degradação de serviços públicos, da saúde à educação, dos transportes à segurança”. São os “cortes por detrás dos sorrisos”, mas também o Governo do PS a “voltar ao laxismo de outros tempos” ao promover as renovações automáticas do Rendimento Social de Inserção “sem qualquer fiscalização”. 

Com um discurso em que falou da ambição do partido para as autárquicas, Assunção Cristas teve na mira outras eleições: “O governo que queremos para Portugal é muito diferente deste Governo dos sorrisos na cara e dos cortes nas costas, da falta de transparência, da falta de responsabilidade”. 

Dirigindo-se às “esquerdas unidas”, a líder do CDS também trouxe a lume – tal como já o tinham feito outros dirigentes do partido -  a greve na Autoeuropa, considerando que a luta entre PCP e BE pelo poder dentro da empresa é um “espectáculo deplorável”. “Este é o Governo apoiado por quem, à vez, defende Caracas ou Pyongyang”, afirmou. E criticou o que considerou serem as “falhas” do Governo nos últimos meses como a “descoordenação” na Protecção Civil e o roubo do material de defesa em Tancos.

 maior ataque à esquerda veio de Nuno Melo, vice-presidente do partido, que acusou a extrema-esquerda – onde incluiu o PCP e o BE - de não se ter democratizado. O PCP e o BE “não ocupam herdades nem empresas” hoje, afirmou o eurodeputado, no entanto há “um imposto que se chama Mortágua [apelido de duas deputadas do BE] e por alguma coisa será”. Acusando o PS de ter perdido o “bom senso” e de dar a capacidade a comunistas e bloquistas de “fazer leis”, Nuno Melo apresentou o CDS como a “voz dos democratas”. 

Muitos dos discursos – dois candidatos por distrito – expressaram a ambição de fazer crescer o CDS para o voltar a colocar como um grande partido autárquico. Um deles foi o de Telmo Correia, presidente do Conselho Nacional do partido e candidato à junta de freguesia de Belém. Mais do que a própria líder – que fez um discurso com temas nacionais – o dirigente colocou a disputa em Lisboa entre Assunção Cristas e Fernando Medina, “o herdeiro de António Costa e de Sócrates”. Como já se ouve dizer no CDS desde os debates televisivos, a alternativa exclui a candidata do PSD, Teresa Leal Coelho. Sem o dizer directamente, Telmo Correia deixou no ar a ideia de que um bom resultado de Cristas em Lisboa pode fazer mexer o centro-direita: “O CDS contará muito mais a partir de 1 de Outubro”.  

 

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