Costa entre as portagens, a escola pública e a moção ao congresso

Primeiro-ministro esteve ontem em Ermesinde onde inaugurou a Loja do Cidadão e ouviu utentes a pedirem o fim das portagens.

Foto
Fernando Veludo/NFactos

No dia em que o Parlamento aprovou o projecto de resolução do PS que recomenda ao Governo a redução do valor das portagens em auto-estradas do interior ou sem alternativas "adequadas", o primeiro-ministro deslocou-se a Ermesinde, no concelho de Valongo, onde encontrou à sua espera a comissão de utentes da A41/Núcleo de Alfena. A comissão exibia uma faixa onde se lia “Não às portagens”. Os utentes reclamam o “fim das portagens no pórtico de Alfena da A41", argumentando que este "cria uma desigualdade na região”.

Do outro lado da rua, estudantes da Escola Secundária de Ermesinde, de cartazes levantados a pedir a realização de obras na escola, mantinham-se determinados à espera do chefe do Governo. E o primeiro-ministro não os defraudou. Mal saiu do carro, avançou na direcção deles, deixando suspensa toda a gente que se concentrou junto ao novo edifício da Loja do Cidadão do concelho.

”Somos excelentes, merecemos melhores equipamentos” e “Temos bons resultados, merecemos uma escola melhor” eram algumas das frases que sobressaiam nos cartazes que os alunos, acompanhados pela direcção da escola, exibiam.

Sob o olhar atento de vários membros do Governo - dois ministros e três secretários de Estado - o primeiro-ministro abeirou-se dos estudantes e falou com eles. Querem que a escola, com três dezenas de anos, e que chegou a constar da fase III do projecto global de empreitadas no âmbito da empresa Parque Escolar, com obras marcadas parta 2011 que nunca se concretizaram, seja intervencionada. E Costa disse entender as razões do protesto.

Enquanto isso, a comissão de utentes da A41/Núcleo de Alfena mantinha-se determinada em falar com o chefe do Governo a quem entregara uma carta com as suas reivindicações. Tal como o prometido, a acção foi simples. À boleia da já manifestada “abertura do Governo para rever várias situações” relacionadas com portagens, a comissão de utentes procurou sensibilizar o primeiro-ministro na visita deste a Ermesinde, onde, em Junho de 2014, enquanto candidato à liderança do PS, foi apupado à saída de uma reunião da Comissão Nacional do partido por um grupo de militantes afectos a António José Seguro que disputava as eleições primárias para a escolha do secretário-geral do partido.

Numa sessão que antecedeu a inauguração da Loja do Cidadão, António Costa saiu em defesa da escola pública, afirmando que nesta é que “é fundamental concentrar os recursos", porque esta “é a escola de todos, a que garante a igualdade de oportunidades a todos”. As declarações do primeiro-ministro desta sexta-feira foram proferidas horas depois de o Ministério da Educação ter estado no Parlamento para justificar os cortes nos contratos de associação com colégios privados, já a partir do próximo ano lectivo. Na altura, Costa destacou o investimento que o Governo tem vindo a fazer na modernização administrativa para sublinhar que desta forma é possível “poupar recursos para aquilo que é efectivamente necessário”.

“Se há área em que é fundamental concentrar os recursos é na defesa e no financiamento da escola púbica, porque é a escola de todos, a que garante a igualdade de oportunidades a todos e aquele que permite a todos uma efectiva liberdade de poder aprender com a qualidade que todos temos que exigir”, defendeu Costa sem nunca se referir à polémica entre o Governo e as escolas privadas e corporativas devido ao fim dos contratos de associação. Estes foram criados para garantir que nenhum aluno ficaria impedido de frequentar a escola por não haver oferta na rede pública, prevendo-se nesses casos o financiamento da frequência em colégios privados.

“Quando nós vemos crianças, pais e professores a manifestarem-se porque a escola pública, que devia se o padrão máximo da qualidade, não tem essa qualidade,porque o programa da Parque Escolar foi interrompido há quatro anos e ainda não foi retomado, nós percebemos que, efectivamente, temos de concentrar os poucos recursos que temos para fazer aquilo que é fundamental”, disse o primeiro-ministro. Após a inauguração, Costa rumou a Braga para realizar a primeira de cinco sessões que vai fazer por todo o país para apresentar a sua moção de estratégia ao congresso do PS no início de Junho.

 

 

Sugerir correcção
Comentar