Comissão Técnica Independente deve ter conclusões em dois meses

Pedro Passos Coelho foi dizer a Marcelo que não quer legislar à pressa, mas que as responsabilidades têm de ser apuradas com celeridade.

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Passos à chegada ao Palácio de Belém LUSA/MANUEL DE ALMEIDA
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Passos reuniu-se com Marcelo em Belém Nuno Ferreira Santos

Pedro Passos Coelho esteve esta sexta-feira reunido durante uma hora com Marcelo Rebelo de Sousa, mas entrou mudo e saiu calado. O líder do PSD pediu esta audiência com o Presidente da República para falar sobre os fogos mortais do último fim de semana na zona de Pedrógão Grande, e tendo em conta o que ambos foram dizendo, é fácil perceber por onde andou a conversa.

Passos Coelho deve ter apresentado ao chefe de Estado os motivos por que defende a criação de uma Comissão Técnica Independente para apurar o que aconteceu em Pedrógão Grande e explicado que a sua intenção é que aquele grupo de técnicos possa chegar a conclusões no prazo de dois ou três meses. O primeiro-ministro não afastou a possibilidade da sua criação e o BE também não. O assunto será discutido na próxima semana, em conferência de líderes parlamentares.

Em entrevista à Rádio Renascença, o líder parlamentar do PSD acrescentou alguns pormenores: a comissão deve ser constituída por técnicos que “não tenham nenhum tipo de ligação às entidades públicas que estiveram envolvidas nas operações”, já que o objectivo é “escrutinar precisamente o funcionamento de todos os mecanismos de socorro e de todas as questões de operacionalidade” e deve durar entre 30 e 60 dias, no máximo. Em termos da sua constituição, Luís Montenegro afirmou que “a ideia inicial é permitir que cada grupo parlamentar possa indicar uma ou duas pessoas”, mas mostrou disponibilidade para acertar o modelo com os restantes partidos.

Passos Coelho terá também explicado a Marcelo porque é que discorda deste quanto aos prazos para legislar sobre a reforma da floresta e o combate a incêndios. É que, se o Presidente quer que o Parlamento vá de férias sem aprovar todos os diplomas que tem em estudo – “tudo é tudo”, disse -, o líder do PSD já afirmou que não vai aprovar à pressa leis sem os estudos prévios necessários. 

Passo e Marcelo reuniram-se numa altura em que o PSD já deixou passar uma fase inicial de contenção e começou a pressionar o Governo. Na quinta-feira, na reunião de deputados, o clima foi tenso e os relatos sobre faltas de coordenação no terreno foram variados. Do lado do CDS também houve movimentações, com a entrega de 25 perguntas ao Governo. Até Marques Mendes deixou um recado: "Está-se à espera de quê para ordenar uma investigação global ao que se passou?"

PCP e o Bloco de Esquerda têm estado contidos e ainda não deram sinais de qual vai ser a sua actuação no pós-luto. Mas o Bloco começou ontem a ensaiar um discurso que aponta o caminho do consenso, mediante condições. Na SIC Notícias, Francisco Louçã disse até que a legislação que se encontra na Assembleia "está muito em risco". E Jerónimo de Sousa concluiu: Quando se apagarem os holofotes mediáticos, não permitamos que se volte a cair no esquecimento".

 

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