César quer acabar com o “complexo de esquerda” em relação às IPSS

Líder parlamentar socialista defende um reforço na contratação do Estado com instituições de solidariedade social e quer que o PS e o Governo percam o “complexo de esquerda” em relação a estas entidades.

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Nuno Ferreira Santos

Não há como disfarçar que os socialistas andam contentes com os resultados do Governo, mas nas palavras passam a ideia de contenção. No primeiro dia de jornadas parlamentares do PS, o líder parlamentar Carlos César repete a ideia de que o partido não quer “embarcar em euforias”, mas também não quer “pelo contrário, promover a ocultação do que tem sido positivo no país”.

“Quando ouço dizer que não nos tomemos por euforias, não embandeiremos em arco, temos de ter consciência do seguinte: que estamos a ter bons resultados, estamos, que estamos a ter grandes sucessos, estamos. Que o governo do PS é responsável por isso, é em muito, é o principal responsável por esses sucessos, mas o governo do PS deve ter consciência e estamos aqui para alertá-lo que estes sucessos são sucessos que têm de ser continuados, duradouros e têm de atingir Portugal inteiro, contribuindo assim para reduzir as desigualdades”, disse aos jornalistas em Bragança, depois de uma visita a uma instituição particular de solidariedade social, a Obra Social Padre Miguel.

Na instituição, Carlos César ouviu um pedido e uma queixa: o director da instituição quer fazer obras de alargamento, por outro lado, queixou-se do efeito do aumento do salário mínimo nacional, que aumentou a folha salarial em cerca de 40 mil euros. Perante estas críticas, o presidente do PS diz que os recentes indicadores da economia mostram que é possível fazer o aumento do salário mínimo como está desenhado “sem necessidade de compensações aos sectores mais atingidos nas suas despesas salariais”.

Contudo, isso não quer dizer que o socialista defenda que deve haver um refreio na relação do Estado com as IPSS. Antes pelo contrário. Carlos César diz que a “contratação deve ser reforçada” uma vez que, para o socialista, é preciso ter “sempre presente que não é o Estado que incumbe qualquer exclusivo ou sequer prioridade em prestar estes apoios por todo o território nacional”.

O presidente do grupo parlamentar do PS aproxima-se assim mais do que era defendido pelo anterior Governo no que toca à relação com as IPSS, dizendo no entanto que houve “sempre um equívoco”, uma “espécie de complexo de esquerda, que também passa pelo PS e às vezes para o Governo de que as IPSS são instituições em relação às quais devemos ter primeiro uma reserva e depois um apoios comedido”.

Na prática, para já, o partido não tem nenhuma iniciativa legislativa nesse sentido. Contudo, já ouviu do Governo a vontade de reforço dos acordos de cooperação com estas instituições.

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