CDS recusa “passa-culpas” do Governo na saúde e reclama responsabilidades à esquerda

Deputada Isabel Galriça Neto desafia BE e PCP a serem consequentes e a recusarem a política de saúde do Executivo.

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Isabel Galriça Neto (CDS-PP) RG Rui Gaudencio

A centrista Isabel Galriça Neto apontou esta quinta-feira o dedo à esquerda pelo subfinanciamento e desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e desafiou o PS e sobretudo os partidos que apoiam o Governo – BE, PCP e PEV – a assumirem a “responsabilidade” pelo estado de degradação dos serviços e pelo descontentamento de médicos, enfermeiros e outros profissionais daquele sector.

A deputada lembrou o aumento das dívidas do Estado às farmacêuticas e fornecedores ao ritmo de um milhão de euros por dia – só à Apifarma, há dois meses, a dívida dos hospitais ultrapassava os 890 milhões de euros. E deu exemplos de ruptura de serviços por falta de profissionais e de material, com cirurgias, consultas, tratamentos oncológicos e exames cancelados ou sistematicamente adiados, equipamento obsoleto; falou do “descontentamento” dos recursos humanos e das greves recentes por “motivos legítimos”, das “promessas não cumpridas” do ministro da Saúde. 

“Ao fim de ano e meio, o Governo e as bancadas que o apoiam não podem continuar a fazer malabarismo político e dizer aos portugueses que tudo vai bem na saúde”, apontou Isabel Galriça Neto, acusando PCP e BE de apontarem o dedo para “tentar satisfazer os seus apoiantes mas depois não retirarem disso consequências políticas efectivas”. Noutros tempos falavam de “destruição, desmantelamento e desinvestimento” que motivavam “ruidosos protestos” à porta do ministério e centros de saúde. “Onde estão esses agora? Podem os portugueses contar com eles?”

Luís Graça, do PS, defendeu que a dívida “está em linha com o plano orçamental aprovado”, ao passo que nos quatro anos do Governo PSD/CDS se “caracterizaram pelo desvio da dívida”. “Este tem sido o tempo de cumprir a meta orçamental e investir na saúde”, disse, acrescentando que o PS e o Governo consideram “justificadas muitas das reivindicações” dos médicos e enfermeiros que têm feito greve. “Não se pode repor num dia o que a direita cortou em quatro anos. (…) Ou o CDS deixou de se importar com a gestão rigorosa do SNS ou quer tudo ao mesmo tempo. Quer que faça chuva no nabal e sol na eira.”

O bloquista Moisés Ferreira atirou com os cortes na saúde em orçamentos PSD/CDS: redução de 609 milhões de euros em 2012 e de 219 em 2014. E criticou o CDS por se mostrar agora preocupado mas ter-se abstido na votação do projecto de resolução do Bloco que “propunha um compromisso plurianal para um maior investimento na saúde”.

Isabel Galriça Neto lembrou que o Governo tem adoptado a teoria de que quando há crescimento o mérito é seu mas quando há dívidas, como na saúde, diz que se trata da “herança” do Executivo PSD/CDS. “Cresçam, ganhem maturidade. O vosso problema é não terem responsabilidade relativamente à governação”, criticou.

O social-democrata Luís Vales descreveu exemplos da “degradação” dos serviços de saúde com o Governo PS, que em ano e meio “fez mais de um terço do caminho para o desastre como há seis anos”, enquanto a direita construiu sete hospitais “em plena crise”.

O comunista João Ramos disse que “soa a falso que o CDS venha preocupar-se com os profissionais da saúde”, quando no Governo aumentou o recurso a trabalho gratuito, reduziu salários e serviços. “Há muitos anos que não está tudo bem na saúde. É preciso investir e enfrentar constrangimentos da UE e da dívida - e esses o CDS não está disponível para enfrentar” e desafiou: “Do que se arrepende de ter feito para que o SNS esteja como está?” Na resposta, Isabel Galriça Neto instou o deputado do PCP a falar “com os grevistas que esperam respostas suas e do seu Governo. Não nos dirija a nós as perguntas quando são os senhores que estão no Governo e têm o poder!”

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