A nova líder do CDS, Assunção Cristas, diz que o partido está disponível para voltar a apoiar Rui Moreira em 2017 e revelou que irá propor a renovação desse apoio ao independente que ganhou a presidência da Câmara do Porto há dois anos e meio.

No discurso que proferiu na sessão de encerramento do Congresso do CDS, em Gondomar, Assunção Cristas assumiu que a orientação geral passa por reforçar a posição do partido no domínio autárquico, o que passa pela continuidade "dos projectos que estejam a correr bem". "Posso dar o exemplo da Câmara do Porto: o CDS apoiou desde a primeira hora a candidatura independente de Rui Moreira e com ele temos governado a autarquia. Se ele decidir candidatar-se de novo proporei aos órgãos do CDS a renovação do apoio à sua candidatura", anunciou.

Em relação a Lisboa, a nova líder, que tem sido falada para protagonizar uma candidatura à capital, revelou que vai propor que o CDS apresente “uma candidatura forte, ambiciosa e mobilizadora que honre o nosso passado autárquico protagonizado por Nuno Abecassis. Seria muito bom podermos mostrar numa grande cidade do que é que o CDS é capaz". Em matéria de autárquicas, defendeu ainda que, nos casos em que as coligações com o PSD estejam a funcionar bem devem continuar, apontando como exemplos Aveiro e Cascais.

A disponibilidade manifestada agora pela líder do CDS em relação ao Porto decorre de contactos que Assunção Cristas tem mantido com o presidente da Câmara do Porto. Sucede que o PS já se antecipou ao CDS. Manuel Pizarro, recém-eleito presidente da distrital do PS-Porto e vereador no executivo, afirmou há duas semanas, em entrevista ao Jornal de Notícias que “seria incompreensível para as pessoas do Porto que protagonizasse uma candidatura contra Rui Moreira”, dando como garantido o apoio dos socialistas à recandidatura do independente em 2017. Este cenário afasta por completo uma candidatura própria do partido à segunda autarquia do país

Em declarações em PÚBLICO este domingo, no final do Congresso do CDS, onde esteve em representação oficial do partido, Manuel Pizarro não se mostra preocupado e aponta “a diferença de dimensão que há entre os dois partidos”. Diz que o PS participa na governação da Câmara do Porto e faz “uma avaliação muito positiva do que tem sido a acção governativa de Rui Moreira e que partilha as suas responsabilidades na câmara com determinação e lealdade”.

“Sobre a futura eleição, o PS tem total autonomia estratégica”, assegura, acrescentando: “Nós já tivemos ocasião de dizer na sequência da declaração do presidente de que será de novo candidato, na condição de independente, que compreendemos essa posição, que achamos que ela é legítima e que não vemos nenhuma razão para que o PS não possa encarar a possibilidade de o apoiar”.

Há exactamente dois meses, Rui Moreira anunciou, em entrevista ao canal de televisão Porto Canal, que seria novamente candidato ao Porto em 2017 como independente e deixou a garantia de que “nunca se candidataria pro nenhum partido.