CDS convida candidato excluído pelo PSD em Lisboa

Actor João Carvalho, independente, estava na lista da concelhia do PSD, mas foi afastado por uma contraproposta da distrital.

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João de Carvalho DR

O actor João Carvalho, de 62 anos, vai ser o candidato do CDS à Junta de Freguesia de Benfica, como independente, depois de o seu nome ter sido proposto pelo núcleo central do PSD-Lisboa e de essa lista ter sido derrotada por uma outra apresentada pela distrital do PSD e validada por Teresa Leal Coelho, a candidata dos sociais-democratas à presidência da câmara.

Eleito como vereador na câmara de Vila Franca de Xira em 2009 e em 2013, quando liderou a candidatura do PSD/CDS, João Carvalho aceitou o convite da líder do CDS para ser o candidato do partido a Benfica, onde viveu 23 anos da sua vida. “Honra-me muito este convite. Volto ao sítio onde cresci”, afirmou ao PÚBLICO o candidato, que é filho do actor Ruy de Carvalho.

O nome do vereador fazia parte do grupo de candidatos que o núcleo central do PSD-Lisboa (um dos núcleos da concelhia), liderado por Rodrigo Gonçalves, pretendia propor para as juntas de freguesia. Só que a 20 de Abril, numa reunião da concelhia este grupo percebeu que a proposta não iria ser viabilizada e que existia uma outra, apresentada pela distrital e pela candidata à câmara do PSD. A lista acabou por ser retirada. As propostas dos 19 nomes para as juntas apresentados pela distrital de Miguel Pinto Luz foram aprovadas pelos 16 membros, e não incluíam qualquer candidato pretendido por Rodrigo Gonçalves. Só o presidente da concelhia, Mauro Xavier, votou contra e depois apresentou a demissão do cargo.

Sobre esse processo no PSD, João Carvalho disse apenas que “foi muito complicado” e que “o partido vai ter de fazer uma definição sobre o que pretende”, mas recusa qualquer ideia de “vingança”. “Encaro a política como serviço público:  que é que eu posso fazer pelos outros”, afirmou o candidato, que acabou por receber o convite da própria líder do partido, depois de uma aproximação do mandatário da candidatura, Carmona Rodrigues.

“Achamos que é um candidato de primeira água e será candidato na sua terra natal. Tem experiência como vereador e estamos muito felizes”, assumiu ao PÚBLICO Assunção Cristas que conheceu pessoalmente João Carvalho quando, no passado mês de Março, promoveu um almoço de homenagem a Ruy de Carvalho, por ocasião do Dia Mundial do Teatro. A candidata à câmara mostrou também satisfação por ser um candidato independente que irá liderar a coligação CDS-PPM-MPT. Quanto ao processo que aconteceu no PSD, Assunção Cristas foi lapidar: “Não são contas do meu rosário”.  

A lista de Rodrigo Gonçalves, que não chegou a ser votada, incluía dois antigos secretários de Estado do PSD, Paulo Taveira Sousa e José Amaral Lopes. A exclusão desta proposta já levou a que o fundador do movimento interno no PSD Portugal Não Pode Esperar, Pedro Rodrigues, viesse fazer uma crítica pública, dizendo ter ficado “perplexo” com esse processo.  

O próprio líder do núcleo central – e agora presidente interino da concelhia – justificou a retirada da sua proposta com a necessidade de “união e coesão” do partido, o que o levou a votar a favor da lista que considerou ter sido “imposta por Teresa Leal Coelho e por Pedro Passos Coelho”. Entre os candidatos propostos pela distrital e aprovados na concelhia está a ex-jornalista Teresa Ferreira de Almeida, mulher do escritor António Lobo Antunes.

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