Cartas ao director

Comissões bancárias

O desenvolvimento económico reclama a estabilização da banca. Contudo, substituir as perdas das diversas práticas de intermediação financeira com o aumento de receitas através do comissionamento é incorrecto. A gestão de valores mobiliários, de investimento e dos diversos produtos financeiros devia obedecer a exigências rigoristas de transparência.

Se os investidores estrangeiros têm um “preconceito ideológico contra Portugal”, o que dirão os portugueses sobre a falência técnica da banca? Não basta atingir 2,1% no défice público. E a dívida pública? Os números não enganam.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

 

Estrangeiros na banca nacional

Numa altura em que o país está na eminência de perder o controlo do terceiro maior banco nacional (o Novo Banco), que muito provavelmente será vendido a um fundo norte-americano, convém ilustrar os dados curiosos reportados pelo Nobel da economia Sitiglitz no seu livro mais recente. Num estudo realizado pelo próprio, concluiu que entre 1850/70, nos Estados do sul dos EUA, o crescimento do rendimento per capita atingiu 15% ao ano, concentrando-se essencialmente nas regiões mais pobres, precisamente numa altura em que apenas existiam bancos estaduais (do próprio Estado).

Após 1870, o sector bancário abriu-se, permitindo a chegada de várias instituições financeiras intra-estaduais. No entanto, o crescimento do rendimento foi de aproximadamente 6% e desta vez, os benefícios foram colhidos pelos Estados mais ricos. Numa análise mais fina, percebeu-se que os bancos locais, com melhores competências na atribuição de crédito, apoiavam sobretudo instituições e empresários locais, enquanto as entidades exteriores apenas retiravam o seu capital do Estado e transferiam para locais com maiores rendimentos, provocando uma enorme quebra no financiamento à economia.

Este é um dos efeitos da transferência para “mãos” de fundos estrangeiros do controlo dos maiores bancos do sistema financeiro nacional. Pouco conhecidas pelos portugueses, os fundos em causa apenas concederão crédito e financiamento às grandes companhias do sector não-transaccionável, como a EDP ou a Galp, deixando sem “oxigénio” as pequenas e médias empresas que tanto contribuem para a distribuição e criação de riqueza locais. 

João António do Poço Ramos, Póvoa de Varzim

 

Europa, quo vadis?

Depois da saída do Reino Unido da União Europeia (UE) e caso a extrema-direita de Marine Le Pen vença a eleição presidencial em França, a UE cai. Ela e seus amigos Trump e Putin anseiam o desmembramento da Europa. É o primarismo da política isolacionista da extrema-direita!

Tem uma capacidade argumentativa forte para a desgraça colectiva da Europa. O eleitorado francês está exausto com tanta nódoa judicial dos políticos. Procuram alguém imaculado, mas recordemos que Le Pen está a contas com a Justiça num caso grave, cuja resolução deve ter um epílogo antes do veredicto eleitoral.

Vítor Colaço Santos, S. João das Lampas

 

 

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