Cartas ao director

TSU e mediocridade

O episódio da TSU evidencia bem a mediocridade da actual política portuguesa, reconhecida até, recentemente, pelo próprio porta-voz do PS, João Galamba. Cada um puxa para seu lado, mas para o lado do país puxam muito pouco. A maioria de esquerda, que se desejaria unida e coesa, mostra-se desavinda e instável, porque o BE e PCP só pensam nos interesses partidários. O mesmo se diga do PSD. Este com a agravante de se contradizer.

O triste espectáculo a que se assiste por causa da TSU dos patrões é difícil de digerir. Não se compreende, de facto, como uma mera contribuição patronal se transforma no tema central da política. Só à luz da mediocridade de que falo e da falta de nível dos políticos.

Há cem mil jovens doutores desempregados, o desemprego em geral é uma chaga -  jornalistas com rendimento social de inserção! –, a pobreza por vencer, as urgências hospitalares sem solução, e só se fala da TSU. Que pobreza de espírito! É mesmo uma classe política sem classe.

Simões Ilharco, Lisboa

 

Em lume brando

Nacionalizar em lume brando o Novo Banco (NB) é a receita do chefe Mário Centeno.Com a maioria dos portugueses  a aprovar a nacionalização do NB, nem tudo vai mal no sistema bancário português: o Banco CTT, em 9 meses, recebeu cem mil novos clientes.

No Largo do Rato a tesouraria rosa vai  de espinhos a  lava. Com as contas bancárias penhoradas por rendas em atraso a tesouraria do Partido Socialista está no degrau da classificação dada pela Moody’s à dívida da República Portuguesa: nível lixo com perspectiva estável.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

Jornalismo hoje

O trabalho de jornalista é insubstituível na sociedade atual. Eventualmente ainda mais que em tempos recentes. Porque o jornalismo tem a companhia avassaladora e, para muitos, reverencial, das redes sociais. Um poder que muitos tomam como adquirido e absoluto. E os cuidados na separação do trigo do joio são quase nenhuns. É o jornalista que pode e deve fazer o trabalho honesto,  imparcial e rigoroso. Contacta as fontes, confirma e rebate informação. Tudo o que as redes sociais não fazem.

Mas os jornalistas pertencem a empresas que, sobretudo quando visam apenas o lucro, decidem mais displicentemente sobre as suas vidas. Querem emagrecer quadros, despedem, indemnizam, rescindem, porque há crise e os lucros baixam. A instabilidade instala-se. A amargura, o descontentamento, a desmotivação, afectam a criatividade, o talento e o empenho. Todos os agentes envolvidos na quadratura deste círculo têm de fazer um esforço para repensarem tudo isto e encontrarem um fundamento para o que vai mal.

Se o jornalismo reflete a sociedade que temos, se essa sociedade atua num quadro com desemprego, precariedade, trabalho muitas vezes desvalorizado e mal pago, empresas débeis e com problemas de receitas, pressões, é um pouco natural que nas empresas de comunicação social essa situação se reflicta.

José Manuel Pina, Lisboa

 

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