"Brexit": Marcelo não vê motivos de alarme para os portugueses no Reino Unido

Presidente adianta que serão tempos exigentes, e pede para que o processo seja bem conduzido, a bem de ambos os lados.

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“Seria preferível que não tivesse acontecido aquilo que aconteceu, mas tendo acontecido agora é olhar o futuro”, disse Marcelo LUSA/NUNO FOX

O Presidente da República não vê motivos para alarme entre a comunidade portuguesa residente no Reino Unido, no dia em que foi oficializada a saída da União Europeia.

“Isso já foi salvaguardado pelas autoridades britânicas”, lembrou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, à margem da cerimónia de homenagem a Cristiano Ronaldo, que decorreu esta manhã no Aeroporto da Madeira, agora com o nome do futebolista, referindo-se aos portugueses que residem há largos anos no Reino Unido.

Mesmo para os outros, aqueles que emigraram há menos tempo, Marcelo acredita que irá imperar o bom senso. “O que eu ouvi lá, da parte das autoridades britânicas, é que gostam muitos dos portugueses”, sustentou, definindo a comunidade como “trabalhadora” e com um grande contributo para a “valorização” da sociedade local.

Quanto ao processo de saída da União, desencadeado hoje oficialmente pela primeira-ministra britânica Theresa May, o chefe de Estado admite que serão tempos “exigentes”. No plano económico, no plano financeiro e até mesmo na circulação de pessoas. “Vamos ter de aprender a viver em separado”, disse.

“Seria preferível que não tivesse acontecido aquilo que aconteceu, mas tendo acontecido agora é olhar o futuro”, afirmou o Presidente da República, pedindo que, mais do que depressa, o ‘Brexit’ se faça bem. Só assim, acrescentou, poderá ser vantajoso para ambos os lados.

Aproveitar para resolver desafios

Entretanto, no site da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa publicou uma nota afirmando esperar que a Europa aproveite "o momento difícil" da saída do Reino Unido da União Europeia para "responder de forma resoluta aos desafios" que enfrenta.

"Que este momento difícil para o processo de integração de Estados-nação europeus, entre os quais se contam Portugal, um dos mais antigos países do mundo, seja aproveitado para responder de forma resoluta aos desafios que se colocam ao continente e à União Europeia em particular, é o voto que expresso", escreveu o chefe de Estado. Mais: "E que sejamos capazes, em conjunto, de fora ou de dentro do grupo, mas sempre em uníssono com os nossos cidadãos, de continuar a trilhar juntos o caminho que nos leva ao longe, com confiança, perseverança e harmonia".

Nesta mensagem escrita, o Presidente da República insiste numa "aposta firme e sem hesitações de Portugal na União Europeia" e reitera que está "convicto" de que os interesses do país e dos portugueses que vivem e trabalham no Reino Unido "deverão ser salvaguardados".

Por outro lado, declara "uma vez mais" que "o Reino Unido, o mais antigo aliado de Portugal, continuará a ser um país europeu, pilar fundamental da paz e segurança do velho continente, cultural e economicamente uma referência da Europa e dos europeus".

O chefe de Estado começa por referir que "o Reino Unido invocou hoje formalmente o artigo 50.º do Tratado da União Europeia, que abre caminho à saída do país da União Europeia", e que se iniciará agora "um processo que durará em princípio dois anos, durante os quais o Reino Unido e os 27 Estados-membros restantes da União Europeia negociarão os termos da saída".

De acordo com o Presidente da República, "este é obviamente um momento de grande importância para o futuro da integração europeia" e para o próprio futuro de Portugal.

"Portugal, tive ocasião de o referir no ano passado, tem para a União Europeia uma ambição maior, ao pretender fazer dela um modelo para a nossa sociedade, baseado na paz, no progresso e bem-estar, na coesão, na solidariedade e na democracia", acrescenta. com Lusa

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