BE quer travar nova emissão de dívida da CGD

Mariana Mortágua diz que emissão a juros de mais de 10% é “uma má emissão” e pede ao Governo que não ceda aos “caprichos da Comissão Europeia”

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Nuno Ferreira Santos

O Bloco de Esquerda defendeu nesta sexta-feira que o Governo deve travar uma segunda emissão de dívida da Caixa Geral de Depósitos, porque a primeira foi “má” e contra os “interesses” da CGD e do país.

“O resultado desta operação é que, por um capricho da Comissão Europeia, a Caixa emitiu divida a mais de 10%, pondo em causa o seu próprio interesse financeiro”, disse a deputada Mariana Mortágua em conferência de imprensa.

Logo de seguida desafiou o Governo. “O primeiro-ministro disse no debate quinzenal que entre o interesse da Comissão Europeias e do país, preferia sempre o interesse do país. Entendemos que esta emissão rege-se apenas pelo interesse da CE contra o interesse da CGD e contra o país. E defendemos que a segunda emissão não seja realizada. O BE entende que não se deve realizar”, defendeu.

E quanto à emissão que já foi feita, o BE quer que “a Caixa tudo faça para num prazo de cinco anos poder amortizar toda esta dívida que penaliza o balanço da CGD”. Isto porque a deputada considera que a emissão de 500 milhões de euros a juros de 1075% “é uma má emissão de dívida para a CGD” e que o processo de “restruturação e de recapitalização não pode ser feito à custa dos trabalhadores, nem dos balcões nem à custa do próprio equilíbrio financeiro da Caixa”. Lembrando ainda que estes juros “altíssimos” foram conseguidos não porque a Caixa “seja mais arriscada e por isso mais cara” que a dívida de outros bancos, mas porque “este instrumento é mau para qualquer banco”.

Esta emissão de dívida foi a primeira de duas que estão definidas no plano de recapitalização pública que foi aprovado pela Comissão Europeia. A próxima que está definida é que 430 milhões de euros e tem de ser realizada no prazo de 18 meses.

Na emissão de quinta-feira a procura até superou a oferta o que permitiu um alívio do que estava previsto. Em comunicado enviado ao regulador do mercado de capitais, a CMVM, o banco público disse que “o intervalo inicial de preço anunciado para a emissão tem em consideração os referenciais recebidos nos contactos com os investidores”.

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