BE: “Ou a Europa arrepia caminho ou as pessoas arrepiam caminho da EU”

O Tratado Orçamental é “injusto e deve ser desobedecido”. Mas não se pode “confundir um tratado sobre a União Europeia” com “tratados para a desistência da União Europeia”, disse Pedro Filipe Soares.

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Pedro Filipe Soares diz que não se pode “confundir um tratado sobre a União Europeia” com “tratados para a desistência da União Europeia” Daniel Rocha

À chegada à X Convenção do Bloco de Esquerda, que decorre neste fim-de-semana em Lisboa, o líder parlamentar, Pedro Filipe Soares, voltou a comentar o tema que marca a actualidade, o “Brexit”. “Com o referendo que tivemos no Reino Unido, das duas uma: ou a Europa arrepia caminho ou as pessoas arrepiam caminho da União Europeia, porque é essa insatisfação que se está e sentir e nós não podemos deixar que isso aconteça, porque se não quem está a ganhar força é extrema-direita”, disse aos jornalistas.

Pedro Filipe Soares afastou para já o cenário de um referendo idêntico em Portugal, considerando que esse é o caminho da desistência. “Temos de ganhar força para, na Europa, exigir mudanças, bater o pé”, disse, acrescentando que o BE exige que “a Europa mude” e não se calará perante essa exigência.

O BE quer, continuou, “construir uma Europa com as pessoas e não de costas voltadas para as pessoas”. Até porque, prosseguiu, foram aqueles que negaram a participação das pessoas que estão agora a “beber o resultado dessa negação”. “Viraram as costas às pessoas, agora as pessoas estão a virar as costas à Europa”, afirmou, voltando a dizer o que já tem defendido: que o Tratado Orçamental é “injusto e deve ser desobedecido”.

Ressalvou, no entanto, que não se pode “confundir um tratado sobre a União Europeia” com “tratados para a desistência da União Europeia”.
Pedro Filipe Soares lembrou que os bloquistas não aceitam sanções a Portugal por causa do incumprimento do défice e que, se esse for um assunto nas próximas semanas, então é porque a “elite europeia” está “alheada”.

“Não vamos ser nações isoladas”


A mesma pergunta foi feita à chegada à porta-voz do BE Catarina Martins. Portugal devia ou não ter um referendo como o do Reino Unido? Mas, para a bloquista, “este não é o momento de os países saltarem com cartadas de referendos, é o momento de por em cima da mesa alternativas pensadas”.
“O euro e a União Europeia hoje não são uma solução para o país. São um problema, não para Portugal, mas para todos os países. Mas isso não quer dizer que não resida na Europa uma solução de futuro para todos os países. Não nos enganemos, o tempo não volta para trás, não vamos ser nações isoladas. Agora é preciso dizer que a construção europeia, tal como ela foi feita, não serve”, disse. E acrescentou: “Acho que neste momento não ganhamos em achar que as soluções para todos os países são referendos que podem pôr em campos opostos soluções que são todas más. Este é momento de a política assumir responsabilidades e fazer propostas sobre alternativa de construção.”
Catarina Martins repetiu os argumentos da noite passada, aliás, de sempre: a situação que se vive na União Europeia é “fruto em primeiro lugar das políticas europeias que retiraram soberania democrática aos povos”. E uma União Europeia “que não respeita as democracias e os povos é uma União Europeia sem futuro”. A porta-voz referiu-se ainda à “tremenda crise económica”, alertando para uma zona euro que tem “50% de desemprego”.

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