BE desafia Governo a apresentar plano nacional ferroviário

Nas jornadas parlamentares ouviram-se críticas ao anterior executivo por ter desinvestido na ferrovia.

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pp paulo pimenta

O Bloco de Esquerda lançou nesta sexta-feira um desafio ao Governo para que apresente até ao final deste ano um novo plano nacional ferroviário, tal como foi aprovado por iniciativa do BE, e defendeu uma renegociação dos fundos europeus em 2017, “tendo em conta essa necessidade de servir as pessoas e não apenas as mercadorias”.

“Dessas alterações deve constar a electrificação da linha do Douro e também a requalificação da linha do Tua para que não seja de exploração privada apenas para o turismo, mas sirva, sim, a mobilidade das pessoas”, declarou a deputada e coordenadora do BE, na Foz do Tua, no distrito de Bragança, durante a abertura das jornadas parlamentares do partido.

Zurzindo no anterior Governo por ter desinvestido na ferrovia, acabando com “mil quilómetros de linha”, Catarina Martins destacou ao longo da sua intervenção a importância de se investir nesta área. “O investimento em ferrovia responde a quatro necessidades muito concretas do nosso país, sendo a mobilidade das populações uma delas”, defendeu.

Referiu-se depois aos custos ambientais do transporte rodoviário e também ao custo do próprio transporte rodoviário que “fica muito caro ao país, a cada pessoa, a cada empresa”. Na sua opinião, o transporte rodoviário “só tem significado o maior endividamento de Portugal, porque não tem petróleo e, enquanto continuarmos a apostar na rodovia, a nossa balança comercial será crescentemente desequilibrada e o endividamento externo também aumenta”.

Falando no interior país, a deputada chamou a atenção para os problemas desta região e sublinhou que “para lá de cada medida concreta" estipulada no Orçamento do Estado, "é essencial que se pense as opções do país tendo em conta o longo prazo, o desenvolvimento de Portugal". "Não podemos aceitar um projecto de desenvolvimento para o país que deixa uma parte do país para trás. Temos de falar do investimento numa lógica que promova a coesão territorial. Só assim a recuperação do país não deixará ninguém para trás", sustentou.

Catarina Martins deteve-se depois a explicar que o “desinvestimento na ferrovia” trouxe muitos problemas às populações e que a oferta que existe “não serve sequer a população”. “Desinvestir na ferrovia significou cortar linhas, cortar horários, ter carruagens piores, mas significa também que a mobilidade em Portugal está organizada à volta da rodovia com três problemas muitos graves que são resolvidos quando investimentos na ferrovia”.

Para o Bloco – disse a dirigente nacional do partido – a “ferrovia é seguramente um dos investimentos estruturantes do país", e nesse sentido disse que aguarda que, até ao final do ano, o Governo apresente um "plano nacional ferroviário que responda às pessoas e à coesão territorial".

Sobre a barragem do Foz Tua, disse tratar-se de um “tremendo erro”, denunciando que há "contrapartidas" da construção da barragem que "não estão a ser asseguradas, desde logo o acesso à mobilidade da população".

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