BE dedica pela primeira vez jornadas parlamentares ao Alentejo

Os dois dias em Évora, Beja e Portalegre servirão também para assinalar o meio ano da “geringonça”.

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Pedro Filipe Soares Enric-Vives Rubio

O líder do grupo parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, insistiu várias vezes, nesta sexta-feira, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, que é a primeira vez, na história do Bloco de Esquerda, que o partido realiza umas jornadas parlamentares no Alentejo. Acontecem já na segunda e na terça-feira, em Évora, Portalegre e Beja, e têm como tema a valorização do território, a protecção do ambiente e o combate às desigualdades. A altura escolhida é “simbólica”: passam, no dia 10, seis meses depois de haver uma maioria parlamentar de esquerda, com acordos assinados para suportar o Governo.

Pedro Filipe Soares explicou que um dos objectivos é “ir ao terreno” perceber as dificuldades do interior, reflectir sobre a “necessidade de valorização do território” e de combate ao despovoamento. O Bloco não conseguiu, nas eleições legislativas, eleger qualquer deputado por nenhum destes distritos alentejanos. Uma das visitas para as quais Pedro Filipe Soares chamou a atenção é ao Alqueva, “um elemento essencial de investimento público, promotor de desenvolvimento regional”, disse. “Queremos que seja também uma garantia de sustentabilidade ambiental, e onde apresentaremos iniciativas que, na nossa opinião, potenciarão a actividade existente”, acrescentou.

Do programa fazem ainda parte, entre outros momentos, uma visita ao hospital de Elvas, que inclui uma reunião com a administração; uma visita às Minas de São Domingos; ao Instituto Politécnico de Portalegre; um encontro com o Movimento de Cidadãos Évora Unida; e ainda com o presidente da autarquia.

“Com esta iniciativa, daremos também o mote e a orientação para a actividade parlamentar até ao final da legislatura. Já temos um conjunto de marcações, de agendamentos potestativos, e é neste âmbito que faremos também a apresentação das nossas iniciativas para dar o enquadramento e a sequência ao nosso trabalho parlamentar”, frisou Pedro Filipe Soares, acrescentando que farão também uma reflexão interna, “uma espécie de balanço da actividade parlamentar até agora” para perceberem como podem “melhorar no futuro”. Um exercício que tem sido difícil, “porque a actividade quotidiana, a nível parlamentar, tem sido de uma enorme exigência”, justificou.

Daí a escolha desta altura, seis meses depois de a “gerigonça” ter começado a funcionar: “Não por acaso fazemos estas jornadas parlamentares no meio ano desde o início deste momento político, desde a assinatura dos acordos entre os diversos partidos à esquerda e desde a garantia da possibilidade de um Governo que rompesse com o empobrecimento do país. Há por isso também um simbolismo associado a estas jornadas parlamentares que não queria deixar passar.” Trata-se de uma actividade parlamentar num novo contexto e num novo formato, uma “novidade” também para o Bloco. É, por isso, preciso “cimentar a aprendizagem” feita ao longo deste meio ano, explicou o bloquista. “E com essa aprendizagem perspectivar o nosso trabalho seguinte até ao Verão”, acrescentou.

Questionado sobre o facto de a moção que o BE vai levar à Convenção em Junho abrir a porta ao regresso da coordenação única, neste caso liderada por Catarina Martins, Pedro Filipe Soares escusou-se a comentar, argumentando não querer responder no espaço parlamentar a matérias internas no partido. O cenário é avançado nesta sexta-feira pelo Diário de Notícias e a pista está escrita na própria moção: “A Comissão Política elege um secretariado, responsável entre reuniões da CP pela condução política e organizativa, e é coordenado pelo/a dirigente que encabeça a lista mais votada à Mesa Nacional.” Apesar desta frase, o bloquista – que já foi opositor de Catarina Martins na corrida à liderança, mas que agora assina a moção –, tenta apenas contornar a questão, deixando-a em aberto: “Faremos isso em tempo útil. O tempo até à convenção ainda é razoável, teremos debate entre as moções”, disse, ressalvando, porém, que “tudo está em cima da mesa, como é normal que assim seja, não há tabus, não há modelos de organização fechados, tudo isso está já em curso, para ser discutido”.

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