Autárquicas: PSD esconde descontentamento a Passos

Sociais-democratas procuram motivos para algum optimismo sobre os resultados das eleições.

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Pedro Passos Coelho no conselho nacional do PSD, na quinta-feira à noite LUSA/MANUEL DE ALMEIDA
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Pedro Passos Coelho no conselho nacional do PSD, na quinta-feira à noite LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

O tom de mobilização e confiança fora dado pelo líder do partido e os conselheiros nacionais replicaram-no durante toda a reunião do conselho nacional de quinta-feira à noite. A poucos meses de autárquicas não se esperava que fosse de outro modo: o PSD tocou a rebate para as eleições, apesar do escasso optimismo.

Com um objectivo eleitoral difícil – ganhar mais 25 câmaras e não perder nenhuma – os sociais-democratas têm algumas razões para alimentarem a esperança, como a da circunstância de o próprio resultado vitorioso obtido pelo PS em 2013 ser difícil de superar ou de manter com a mesma vantagem. Já as dificuldades que se avizinham também geram algum pessimismo. E uma delas pode ser criada pelo Governo que prevê no Orçamento do Estado o aumento das pensões mais baixas a partir de Agosto, em vésperas das autárquicas. Um calendário “eleitoralista” como criticou Passos Coelho há meses quando o Orçamento do Estado para 2017 foi discutido.

Na reunião do conselho nacional do PSD de quinta-feira à noite, que fechou praticamente o processo de escolha de candidatos às próximas autárquicas, os sociais-democratas abstiveram-se de criticar o processo ou as escolhas da direcção, segundo relatos feitos ao PÚBLICO. Aliás, quando Teresa Leal Coelho, a candidata à Câmara de Lisboa – escolha que gerou algum descontentamento interno - entrou na sala ouviu uma salva de palmas. Ninguém levantou a voz contra a decisão de Pedro Passos Coelho que, aliás, na intervenção inicial, saiu em defesa da sua vice-presidente. O líder do PSD garantiu que a deputada e actual vereadora de Lisboa tem “todas as condições” para ganhar a câmara ao socialista Fernando Medina. Também defendeu Álvaro Almeida, o independente de “valor” que o PSD vai apoiar no Porto, e não foi contrariado de viva voz, apesar das muitas dúvidas em torno da decisão de escolher um candidato desconhecido do eleitorado para disputar as eleições com Rui Moreira, que tem o apoio do PS e do CDS.  

O tom das intervenções no conselho nacional foi de mobilização para as autárquicas. Não só para elevar o moral das “tropas”, mas também para lembrar que não será o presidente do partido a ficar em causa, se o processo não correr bem. Pedro Alves, líder da distrital de Viseu, lembrou que todos os dirigentes, incluindo os distritais, terão as suas responsabilidades, se os resultados não forem bons.

A única voz dissonante do tom geral de pacificação terá sido a de Luís Rodrigues, ex-deputado e crítico da actual direcção, que defendeu uma maior presença do líder no terreno. Fora do conselho nacional, o ex-deputado do PSD Pedro Duarte manifestou na TSF a sua “estupefacção” por “não haver empenho e predisposição por parte da direcção nacional para aproveitar as eleições para afirmar localmente o PSD”. “Não estou a sentir esse empenho”, disse. Um recado que não se destinava a Passos Coelho, mas sim aos restantes membros da direcção.

No conselho nacional o líder do PSD, aliás, não foi beliscado. Os sociais-democratas evitaram colocar uma espada sobre a cabeça de Passos Coelho para o pós-eleições. Essas leituras nacionais dos resultados têm sido feitas por figuras que não integram órgãos do partido e que são críticas do líder do PSD, como José Eduardo Martins, que já disse que, se estivesse na pele de Passos Coelho, se demitiria caso o resultado das autárquicas fosse mau.

A responsabilização de Passos Coelho também foi apontada pelo comentador televisivo Luís Marques Mendes. O ex-líder do PSD já afirmou que, com a escolha de Teresa Leal Coelho, é o próprio Passos Coelho quem fica “directamente em xeque”. No comentário na SIC do passado domingo, Marques Mendes foi directo: "Se tudo correr mal, é o líder, ele próprio, a ser responsabilizado".

Sem nomear ninguém, mas referindo-se a adversários e a pessoas que “conhecem a realidade do partido”, Passos Coelho deixou um recado: “Estamos nestas eleições com os dois pés assentes na terra, que temos escolhas muito boas e estamos convencidos que iremos ter um bom resultado eleitoral".

A mobilização dos dirigentes nacionais parece começar a fazer sentir-se no terreno. Este fim-de-semana, Marco António Costa, Maria Luís Albuquerque (vice-presidentes) e Luís Montenegro (líder parlamentar) vão estar em iniciativas partidárias.

O que joga a favor e contra o PSD nas autárquicas

A favor:

  • -O bom resultado do PS nas autárquicas de 2013 é difícil de superar ou igualar pelos socialistas
  • -PS deve ter menos votos em termos absolutos do que em 2013: abdica de apresentar candidato no Porto, onde apoia Rui Moreira, e é pouco provável que Fernando Medina tenha mais votos do que Costa há quatro anos
  •  Recuo em casos como o de Marco Almeida, que apoia em Sintra, ou a recuperação de Litério Marques em Anadia (tinha concorrido em número dois numa lista independente) pode permitir a recuperação desses municípios
  • -Baixas expectativas sobre a possibilidade de atingir os objectivos eleitorais – mais câmaras e mais mandatos

 

?Contra

  • Aumento das pensões abaixo dos 628 euros em Agosto pode jogar a favor do PS
  • Alguns autarcas do PS estão no seu primeiro mandato e é difícil conquistar essas câmaras
  • Elevado número de câmaras – 25 – que o PSD precisa de conquistar sem perder nenhuma das suas para atingir a meta definida e ter a presidência da Associação Nacional de Municípios.
  • Terreno difícil para o PSD nas duas grandes cidades do país: Lisboa e Porto. No caso da capital, onde a líder do CDS, Assunção Cristas, tem uma candidatura própria, a pressão intensifica-se se o PSD não conquistar a câmara e perder as cinco juntas de freguesia ganhas em coligação em 2013. 
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