Autarquias de Portugal e Espanha juntam-se para ganhar peso na Europa

Encontro entre as associações que representam os municípios dos dois países reuniram-se e acordaram a criação de três grupos de trabalho.

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Autarquias de Portugal e Espanha conversaram sobre como ganhar peso em Bruxelas LUSA/PAULO NOVAIS

Tal como os Estados português e espanhol, os municípios de Portugal e Espanha vão aumentar a cooperação para serem mais influentes em órgãos internacionais. No encontro inédito entre a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e a Federação Espanhola de Municípios e Províncias (FEMP), os dois organismos manifestaram o desejo de alargar o trabalho a outros países do Sul da Europa.

Através de posições comun, as autarquias ibéricas querem ganhar peso nas estruturas internacionais de que fazem parte. “Vivemos um momento muito importante na Europa”, referiu o presidente da FEMP, Abel Caballero Álvarez, para defender a necessidade de o poder local se fazer ouvir. “Em conjunto, podemos ter uma voz mais forte em Bruxelas”, entende. O responsável acrescentou que faz sentido alargar essa colaboração a países com o mesmo tipo de problemas, como França, Itália, Grécia ou Chipre, exemplificou.

Do encontro, que decorreu no Convento de S. Francisco, em Coimbra, resultou ainda a criação de vários grupos de trabalho sobre infra-estruturas e redes de comunicação, zonas transfronteiriças e os sectores em que os dois países têm afinidades, como o comércio, o turismo e o desenvolvimento cultural, e outro sobre fundos europeus.

Caballero Álvarez explicou aos jornalistas que um dos grupos de trabalho se vai debruçar sobre equipamentos transfronteiriços, mas também sobre redes de comunicação europeias. O também alcalde de Vigo falou igualmente da necessidade de esbater fronteiras com vista ao desenvolvimento territorial, nomeadamente em relação a zonas rurais que “necessitam de atenção especial”. Será criado outro grupo de trabalho para o efeito. Neste ponto, o presidente da ANMP, Manuel Machado, acrescentou que, existindo “de um lado e doutro da fronteira assimetrias que têm que ser esbatidas”, há “potencialidades que estão por explorar em domínios como a protecção civil e a saúde”.

Os autarcas apontam também para o aumento da cooperação em sectores como o turismo, o comércio e o desenvolvimento cultural. Outra das preocupações dos municípios ibéricos a estudar em conjunto é a pasta dos fundos comunitários, com vista ao quadro de financiamento que sucede ao 2020.

Havendo casos em que os fundos comunitários não chegam a ser aplicados, o responsável espanhol apontou para a eficiência com que os municípios dos dois países executam as verbas, “que supera, em muito, a do resto das administrações”. “Somos o anti-'Brexit', somos a Europa que quer ser unida e forte”, afirmou, noutro apontamento sobre o momento actual da União Europeia.

Esta foi a primeira vez que a ANMP e a FEMP se encontraram, sendo que as entidades manifestaram o desejo de continuar o trabalho conjunto e de ter reuniões periódicas. 

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