Autarca de Cascais ataca ministro do Planeamento no Facebook

A propósito da Linha de Cascais, Carlos Carreiras acusa o Governo de ter fechado a porta ao diálogo com as autarquias. Ministério já reagiu.

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Carlos Carreiras reage a entrevista de Pedro Marques evr Enric Vives-Rubio

O presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras (PSD), reagiu com estrondo à entrevista que o ministro Pedro Marques dá ao PÚBLICO esta quinta-feira. No Facebook, numa mensagem com o título "Confirma-se o preconceito do Governo contra os cascalenses", Carreiras escreve que "o Governo do Partido Socialista com o apoio do BE e PCP, propõe votar ao esquecimento mais de 350.000 cidadãos de Cascais e Oeiras, fazendo letra morta dos compromissos assumidos anteriormente, de renovar a linha ferroviária entre Cascais e Lisboa".

Depois de defender que o "preconceito ideológico continua e acentua-se", Carreiras ataca: "Qual não é o desplante do sr. ministro Pedro Marques, quando ao mesmo tempo que afirma que esta 'linha se trata da única parte da nossa rede que não funciona na mesma tensão', também nos brinda com a novidade que não vai cumprir com o compromisso de renovação e investimento numa linha que há mais de 50 anos não sofre qualquer intervenção e faz transparecer que pretende que a linha poderá ser amputada na ligação de Cascais a Cais do Sodré para apenas Cascais- Alcântara".

De acordo com o autarca, a linha de Cascais terá perdido, nos últimos 20 anos, mais de 20 milhões de passageiros/ano, "passando de mais de 45 milhões em 1994 para perto dos 25 milhões no ano de 2015".

Na entrevista ao PÚBLICO, Pedro Marques diz: "A linha de Cascais é a única parte da nossa rede ferroviária que não funciona com a mesma tensão. Para fazer essa mudança é preciso mudar o material circulante e é preciso fazer investimentos muito grandes na infra-estrutura. Só se encontrarmos uma sustentabilidade técnica e financeira para o projecto é que podemos avançar de modo decidido, mas sempre com a integração na linha de cintura."

O que Carreiras vem lembrar é que o anterior governo "havia colocado este investimento numa lista de intervenções prioritárias" depois de ter consensualizado com as autarquias de Lisboa, Cascais e Oeiras. "O governo socialista fechou todas as portas de dialogo com as autarquias, parecendo esquecer que são elas os principais interlocutores com as populações", critica. "Tivesse a autarquia a que presido, Cascais, sido ouvida e teríamos como sempre apresentado solução, que a temos", conclui.

Reacção do Ministério

Ao PÚBLICO, fonte do Ministério sublinha que a intervenção na Linha de Cascais integra o Plano Ferrovia 2020, apresentado pelo Governo em Fevereiro e que "ninguém desistiu da Linha de Cascais, de tal forma que o Governo tem repetido publicamente que procura fontes de financiamento para o projecto. Quem manifestou preconceito para com a Linha de Cascais foi quem colocou o projecto num powerpoint sem se preocupar em encontrar um tostão para o seu financiamento."

O Ministério do Planeamento e das Infraestruturas recorda que "apesar de integrar o Plano Estratégico de Transportes e Infraestruturas (PETI) do anterior governo, a intervenção na Linha de Cascais não tinha assegurada qualquer fonte de financiamento" e que na entrevista hoje publicada, o que Pedro Marques faz é realçar "a importância da requalificação da Linha de Cascais, nomeadamente a sua integração na rede ferroviária nacional, através da Linha de Cintura".

A modernização da Linha de Cascais passa pela renovação da infraestrutura e do material circulante, o que corresponde a um investimento muito avultado, estando o Governo "empenhado em encontrar fontes de financiamento para esse projecto".

 

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