Passos e Cristas esperam até Outubro para decidir Lisboa

Líder do CDS está inclinada a candidatar-se por Lisboa mas ainda não há uma decisão tomada.

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Assunção Cristas e Pedro Passos Coelho estão a "dar um tempo" antes de tomar decisões sobre autárquicas Enric-Vives Rubio

Passos Coelho e Assunção Cristas decidiram esperar até à apresentação do Orçamento do Estado, em Outubro, para arrumar a questão das autárquicas, em particular o caso da Câmara Municipal de Lisboa. Os dois líderes (do PSD e do CDS) almoçaram antes das férias, na sede dos centristas, em Lisboa, e acordaram em dar algum tempo para amadurecer as ideias sobre as eleições autárquicas do próximo ano, apurou o PÚBLICO. A líder do CDS-PP está inclinada a avançar para Lisboa, mas ainda não há uma decisão definitiva nem a ser anunciada para breve. 

A intenção de Assunção Cristas avançar "mais semana, menos semana" para a capital foi avançada no passado domingo pelo comentador televisivo Marques Mendes, mas ao que o PÚBLICO apurou a decisão não está fechada. A reunião da comissão política do CDS no dia 8 de Setembro tem a "preparação das autárquicas" na agenda mas não servirá para aprovar candidaturas nem o acordo-quadro que o PSD e o CDS deverão assinar. 

O PSD que ainda não se libertou totalmente da ideia de ter o ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes como candidato para disputar a câmara ao socialista Fernando Medina. Entre os sociais-democratas crescem os receios em torno do eventual avanço de Cristas por considerarem que, com a demora em apresentar candidato, e sem uma figura forte, o PSD até pode passar a ser a terceira força política em Lisboa, depois do PS e do CDS.

Em sondagens feitas pelo partido sobre a prestação de possíveis candidatos de direita, a líder dos centristas aparece muito bem colocada como cabeça de lista, em caso de eventual coligação. Mas a hipótese de a direcção nacional do PSD vir a apoiar Cristas é vista como remota. O partido liderado por Passos Coelho mantém o calendário aprovado e não falará de nomes até às eleições regionais açorianas, em Outubro. Com o entendimento entre Passos e Cristas, Lisboa também não será tema até que o Orçamento de Estado seja conhecido. 

A eventual candidatura da líder do CDS-PP a Lisboa – à semelhança do que fez Paulo Portas em 2001 – não é consensual no partido. Alguns dirigentes consideram que a iniciativa poderia dar um novo fôlego a Cristas, mas outros consideram que avançar sozinha é um erro já que não consegue tirar a câmara ao PS. Para isso ser possível seria preciso juntar forças com o PSD. Por outro lado, um resultado menos bom para a líder do partido poderia ser mais um a somar ao das eleições regionais nos Açores que são vistas como muito difíceis.

A ideia já foi debatida numa comissão executiva do CDS – o órgão restrito da direcção nacional – e caso se concretize terá de passar pela comissão política. Para já, Assunção Cristas está preocupada em preparar os próximos discursos: o do encerramento da Escola de Quadros, já no domingo, e o da rentrée do partido, no dia 10 de Setembro, em Oliveira do Bairro. 

Apesar de o caso de Lisboa ainda não estar resolvido, PSD e CDS têm mantido conversações, ao nível das estruturas distritais, sobre as coligações autárquicas. Os dois partidos assinarão um acordo-quadro para todo o país, tal como aconteceu em 2012, para as eleições do ano seguinte. Esse protocolo definirá a repartição das verbas de financiamento das campanhas eleitorais – em 2013 o critério foi 80% para o PSD e 20% para o CDS – e a responsabilidade de apresentar os mandatários, que pertence ao partido que indicar o cabeça de lista à câmara municipal. No documento assinado há quatro anos – quando os dois partidos mantinham uma coligação no Governo – PSD e CDS comprometeram-se ao “escrupuloso cumprimento da lei da paridade nas listas a apresentar em todas as coligações.”

Só meses depois deste acordo de enquadramento nacional seriam assinados outros a nível local, nomeadamente o de Lisboa que apresentou Fernando Seara como cabeça de lista. Em 2013, PSD e CDS assinaram 89 coligações em todo o país, número que os dirigentes dos dois partidos esperam até superar. 

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