Assunção Cristas desconfia das previsões da receita do Orçamento de Estado

Candidata à liderança do CDS lembra que o esboço de orçamento não convenceu nenhuma entidade independente, e desconfia das contas do governo quanto à previsão de receitas.

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Ministra da Agricultura, Assunção Cristas, diz que greve nos portos está a afectar exportações Pedro Cunha

A candidata à liderança do CDS, Assunção Cristas, disse esta segunda-feira no Funchal, estar “muito preocupada” com o que viu no esboço do Orçamento de Estado, desconfiando das previsões de receita, que constam no documento.

“O esboço, tal como está desenhado, é muitíssimo preocupante, porque não consegue explicar como é que uma despesa que já está certa no Orçamento pode vir a ser paga por uma receita que é muito incerta, e que faz fé num crescimento económico que, na nossa perspectiva, com aquelas medidas não irá acontecer”, explicou Assunção Cristas aos jornalistas, à margem de um encontro com militantes do CDS-Madeira.

Cristas vai aguardar que o governo entregue o Orçamento de Estado na Assembleia da República, para que “algumas clarificações” possam dar “algum conforto”, mas lembra que o documento ainda não convenceu nenhuma entidade independente. “A verdade é que o crescimento económico previsto no Orçamento e que sustenta aquele exercício, não parece convencer ninguém que seja entidade independente nem em Portugal nem lá fora, e da parte do CDS merece também uma avaliação muito preocupante”, repetiu a deputada centrista, acusando o executivo de “leviandade” quando confunde despesa estrutural com cortes permanentes ou temporários.

“Obviamente que não dissemos [em Bruxelas] que os cortes eram definitivos”, garantiu Assunção Cristas, reagindo às acusações do PS de que o anterior governo terá informado a Comissão Europeia de que os cortes nos rendimentos tinham carácter permanente. Há sim, disse a deputada, "muita leviandade na maneira como essas críticas são feitas".

“Os salários da função pública correspondem na sua globalidade a despesa estrutural, e a reposição dos salários da função pública, tal como estava previsto pelo governo anterior, previa uma recuperação gradual dos rendimentos, ao mesmo tempo que se mantinha uma lógica de diminuição de despesa nesse sector”, explicou, dizendo que esses aumentos seriam feitos em linha com as aposentações e tendo em conta as novas entradas na administração pública.

“Não tem nada a ver ser estrutural ou ser permanente, o compromisso assumido pelo anterior governo era de repor os salários gradualmente ao mesmo tempo que haveria crescimento económico, dentro de um pacote para a função pública que não geraria aumento da despesa estrutural, que é isso que não vemos no esboço do Orçamento”, argumentou, criticando o governo porque querer fazer tudo de forma abrupta.

A devolução imediata dos salários da função pública e a redução do horário de trabalho para 35 horas, sem “critérios” e “gradualismos”, vai, avisa Assunção Cristas, implicar dificuldades na despesa estrutural.

A candidata, que cumpriu na Madeira mais um encontro como militantes – já passou por oito distritos - no âmbito das eleições internas do partido, recusou comentar as notícias sobre o aumento de 150% nas remunerações dos administradores da Autoridade Nacional de Aviação Civil, justificando que não estava por dentro do assunto.

 

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