Associação de antigo dirigente do PSD recebeu fundos públicos indevidamente

Tribunal de Contas determina devolução de 250 mil euros concedidos ao Instituto do Território, fundado por um antigo patrão de Pedro Passos Coelho.

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Rogério Gomes redigiu o programa eleitoral do PSD em 2015 e até 2016 coordenou o gabinete de estudos social-democrata. Daniel Rocha / PUBLICO

Uma associação privada sem fins lucrativos lançada em 2012, criada e presidida por Rogério Gomes, antigo patrão de Pedro Passos Coelho e dirigente do PSD, recebeu indevidamente fundos públicos no valor 250 mil euros. Esta é a conclusão de uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas (TC), divulgada esta segunda-feira, e que foi noticiada pela TSF.

Segundo o TC, a associação Instituto do Território (IT) submeteu duas candidaturas ao Programa Operacional de Assistência Técnica (POAT) e recebeu, da parte da Autoridade de Gestão deste programa, 250 mil euros de fundos públicos europeus. No entanto, o tribunal conclui agora que a associação tinha “sido recentemente criada, sendo uma entidade sem histórico”, pelo que “deveria ter existido uma maior ponderação por parte do proponente” na aprovação do financiamento.

Além disso, O TC concluiu que o Instituto do Território “não preenchia as condições para ser considerada ‘organismo de direito público’, não sendo elegível como beneficiário do POAT”. Ou seja, o montante destinado ao IT foi pago “indevidamente”.

O IT foi lançado em 2012, com a presença do então primeiro-ministro Pedro Passos Coelho. Foi criado e liderado por Rogério Gomes, que redigiu o programa eleitoral do PSD em 2015, coordenou o gabinete de estudos dos sociais-democratas até 2016 e foi patrão de Passos Coelho na Urbe, entre 2003 e 2004. Em 2010, Gomes foi escolhido por Passos para a comissão política do PSD.

O TC diz ainda que, para a execução dos referidos projectos, o IT “adjudicou contratos de prestação de serviços e de fornecimento a associações privadas com as quais tinha uma estreita ligação, entidades cujos objectos sociais nada tinha a ver com o adjudicado”. A TSF diz que esta “estreita relação” refere-se a membros que integram os órgãos sociais em ambas as partes e à partilha de instalações.

Já em relação ao “financiamento público nacional e aos contratos celebrados com o Estado”, o TC concluiu também que não se verificaram "as normas legais por parte de algumas entidades públicas que participaram ou celebraram contratos com o Instituto do Território”. Aqui fala-se em concreto do “LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil, IHRU – Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, IPDJ – Instituto Português do Desporto e Juventude e ainda de outras entidades públicas que se tonaram associadas do IT”.

Por tudo isto, o TC diz que a Autoridade de Gestão do POAT deve recuperar o financiamento comunitário “indevidamente pago, no montante de 249.798,88 euros”, que o LNEC “deve avaliar a necessidade da participação no Instituto do Território" e que o IPDJ “deve exercer o direito de reaver todas as quantias pagas devido à não realização culposa dos fins essenciais dos programas de desenvolvimento desportivo”.

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