Assis está convicto de que polémica da Caixa está perto do fim

Francisco Assis considera que não há razões para qualquer demissão no Governo na sequência da polémica que envolveu Mário Centeno.

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ENRIC VIVES-RUBIO/Arquivo

O eurodeputado socialista Francisco Assis mostrou-se esta sexta-feira convicto de que a polémica em torno da Caixa Geral de Depósitos é "um assunto que se está a aproximar da fase final", considerando não haver razões para qualquer demissão no Governo.

"Creio que tudo o que se passou foi percebido. Entendo que não há razões para qualquer demissão no Governo. Acho que o ministro das Finanças, porventura, terá atuado com alguma ingenuidade neste processo todo e nunca agiu com o intuito de pôr em causa o interesse nacional", referiu Assis, à margem da apresentação de um livro em Vila Nova de Famalicão.

O eurodeputado, considerado um dos críticos da liderança de António Costa e apoiante do ex-líder António José Seguro nas primárias do PS, disse acreditar que Mário Centeno "esteve muito empenhado em salvaguardar o interesse do país" numa instituição, a CGD, que adjectivou de "fulcral para a actividade económica do país". "Também por isso [por ser fulcral para a economia] espero que este assunto fique encerrado o mais rápido possível", concluiu.

Assis criticou ainda, em Famalicão, que se "procure estabelecer uma espécie de muro entre a esquerda e a direita" em Portugal e defendeu a necessidade de promover "entendimentos".

Francisco Assis, que falava na apresentação da obra Pela Nossa Terra - Minho 2017 do deputado do PSD ao Parlamento Europeu José Manuel Fernandes, começou por afirmar, quando se referia ao autor do livro como um "defensor do projecto europeu", que vai começar "uma fase difícil porque em todo o lado o sentimento antieuropeu está a crescer", não sendo Portugal uma excepção.

"Está a crescer à esquerda e à direita. Não deixo de reparar que há alguma direita em Portugal que não esconde alguma alegria com o 'Brexit' e com a vitória do Trump. E à esquerda toda a gente sabe que o Bloco de Esquerda e o PCP têm um discurso antieuropeu", apontou.

Assis recordou que os partidos que, à esquerda, acompanham o PS de António Costa numa maioria parlamentar "rejeitam o euro, rejeitam qualquer avanço na união monetária, rejeitam qualquer avanço em matéria de política de segurança e de defesa".

"Mas há um centro político que está na base do projecto europeu. Apesar de ligações à direita ou à esquerda, há pontos que temos comuns e não podemos desvalorizar porque vamos precisar deles. Na Europa vamos ter necessidade de voltar a falar uns com os outros: o centro-esquerda e o centro-direita têm necessidade de falar um com o outro", referiu Francisco Assis.

A este propósito, o eurodeputado frisou que no Parlamento Europeu fala-se, garantindo "não ter dúvidas" de que em Portugal também vai ser necessário falar. "Tenho a noção de que em Portugal não podemos operar um corte radical como se estivéssemos a falar de mundos completamente diferentes, como se existisse uma espécie de muro. Hoje, alguns justificam a coligação que está no poder dizendo que não fazia sentido que não houvesse diálogos à esquerda depois da queda do muro de Berlim. Até posso compreender que assim seja mas não posso aceitar que no dia seguinte se procure estabelecer uma espécie de muro entre a esquerda e a direita em Portugal", disse.

"Nós temos de falar uns com os outros e temos muitas vezes de promover entendimentos", concluiu o eurodeputado socialista.

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