Uma sondagem publicada pelo Açoriano Oriental no dia 2, o primeiro dia da campanha eleitoral, projecta uma nova maioria absoluta para o PS, a quinta, com percentagens avassaladoras que, a confirmar-se, coloca os socialistas na posse de mais de dois terços da Assembleia Legislativa dos Açores. Uma maioria qualificada que, na visão da oposição, acarreta riscos para a democracia açoriana.

O estudo de opinião realizado pela Norma Açores, uma empresa com capitais públicos regionais, coloca o líder socialista Vasco Cordeiro com 66,9% da preferência dos eleitores, deixando o PSD a mais de 40 pontos de distância, reduzindo a principal força da oposição a 20,75% das intenções de voto.

A projecção, que tendo em conta a geografia eleitoral da região autónoma – dez círculos eleitorais, um por cada uma das nove ilhas e um décimo de compensação –, apresenta margens de erro elevadas, que vão desde os 4,7% em São Miguel até 21,9% no Corvo, a ilha com menor número de eleitores.

Neste cenário pós-eleitoral, os restantes partidos com assento no parlamento açoriano saem também fragilizados. O CDS aparece com 3,2%, o Bloco com 1,7%, a CDU com 1,2% e o Partido Popular Monárquico surge com 0,7%, em claro risco de perder o deputado que conquistou nas duas últimas regionais.

Paulo Estêvão, líder do PPM, admite essa possibilidade, mostrando-se mais preocupado com a hipótese de os socialistas obterem uma maioria qualificada. Um resultado que permite ao PS alterar as fundações do sistema político regional, como a legislação eleitoral, o Estatuto Político-Administrativo ou o regimento da Assembleia.

Também a CDU, através de Aníbal Pires expressa apreensão por este estudo, argumentando que um poder absoluto seria redutor para o funcionamento democrático do arquipélago.

A maioria dos restantes partidos optou por não comentar estas matemáticas, socorrendo-se da velha máxima: o que conta são os votos nas urnas, não as sondagens.

Mas a confirmar-se, seria um resultado histórico para Vasco Cordeiro, que não só reforçava a maioria absoluta obtida em 2012 (48,98%), como ultrapassava o melhor resultado dos socialistas nos Açores, alcançado por Carlos César em 2004, quando foi eleito com 56,97% dos votos expressos. Nas últimas regionais, o PS conquistou 31 dos 57 lugares no parlamento, o PSD elegeu 20 deputados, o CDS três e Bloco, CDU e PPM a dividiram os restantes três mandatos.