92 mil jovens que são uma gota no oceano do interesse em partidos

Os números mostram que o interesse dos jovens portugueses pela política diminuiu. Mesmo assim, as juventudes dizem que crescem de militantes nos últimos anos.

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Nelson Garrido / PUBLICO

Contas dos próprios, no total das quatro juventudes partidárias, há cerca de 92 mil jovens que militam na Juventude Socialista (JS), na Juventude Social Democrata (JSD), na Juventude Comunista Portuguesa (JCP) e na Juventude Popular (JP).

Nos últimos anos, todos dizem que foram repondo as saídas quando atingem os 30 anos ou até aumentando o número de militantes. E nestes números, a Juventude do PS é aquela que mais militantes activos tem e a JSD aquela que tem mais militantes no total (entre activos e suspensos).

As duas juventudes dos principais partidos chamam a si o título daquela que mais jovens têm nas suas fileiras, mas cada uma à sua maneira. A JS diz que tem 30.500 militantes activos. A JSD tem cerca de 35 mil militantes, sendo que 10 mil estão suspensos ou inactivos.

Os ficheiros das juventudes foram recentemente actualizados: a JS teve congresso no final de Dezembro e conta que em 2016 aderiram 2.200 jovens. A JSD dá dados actualizados em Abril deste ano e conta com um aumento anual semelhante.

Pelas contas das juventudes, a terceira maior será a Juventude Popular. De acordo com os dados da JP, são actualmente 20 mil militantes. Esta juventude não cobra quotas e não faz a separação entre activos e inactivos. Já a JCP conta com sete mil membros, dados actualizados para o congresso que tiveram em Abril. O BE não tem contabilizado os membros mais jovens uma vez que não têm juventude autónoma.

Se os números são díspares entre as juventudes, há num dado que se assemelham: na maioria são jovens rapazes, apesar de haver uma aproximação na divisão entre homens e mulheres. Na JS são 56% do sexo masculino e 44% do sexo masculino; na JSD são 58% de rapazes e 42% de raparigas.

De acordo com os dados fornecidos pelas juventudes ao P2, são também em maior número os maiores de idade. Nas juventudes portuguesas há militantes desde os 14 anos, mas a maior concentração é na franja entre os 25 e os 29 anos. Contudo, a JCP mostra um número interessante e diferente das restantes: 40% dos militantes estão no ensino secundário, o que implica que serão, na sua maioria, menores de idade. Na JSD há ainda 28% de jovens do ensino superior e 27% de trabalhadores.

Mesmo que o total roce os 85 mil jovens, são poucos quando comparados com a realidade portuguesa. Um estudo de 2015 feito para a Presidência da República mostrava um cada vez maior afastamento dos jovens da política partidária. “Os valores exibidos entre os jovens e jovens adultos oscilam entre 1% e 2,7% de pertença a um partido. São valores objectivamente muito baixos”, escreviam os investigadores Marina Costa Lobo e Vítor Sérgio Ferreira no estudo “Valores e expectativas de uma geração mais qualificada”.

No mesmo estudo, os investigadores notam que 21,9% dos jovens afirmam até ter simpatia por um partido, uma percentagem que aumenta para 39,3% nos jovens adultos (entre os 25 e os 34 anos). Contudo, no geral, os dados mostram que os jovens denotam “uma falta de envolvimento político”.

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