150 mil já assinaram petição europeia contra Barroso

Documento será entregue a 12 de Outubro ao Conselho da União Europeia e ao Colégio da Comissão Europeia. Funcionários querem ex-presidente da Comissão punido pelo Tribunal de Justiça de forma “exemplar” por ter ido trabalhar para a Goldman Sachs

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Ricardo CasteloNFACTOS

São já 150 mil as pessoas a dizerem “Em nosso nome. Não!”. Esse é o número actual de assinaturas da petição lançada em Julho por funcionários das instituições europeias que pedem que sejam tomadas “medidas fortes e exemplares” contra a contratação do ex-presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, pelo grupo financeiro Goldman Sachs. Os promotores anunciaram esta terça-feira que irão entregar o documento ao Conselho da União Europeia e ao Colégio da Comissão Europeia no próximo dia 12, uma vez que já atingiram o objectivo inicial de assinaturas.

Os funcionários, anónimos, promoveram a petição a meio de Julho, poucos dias depois do anúncio da contratação de Barroso como presidente não executivo para as operações internacionais e como consultor para o "Brexit". A petição quer que Barroso seja penalizado por o seu comportamento “desonrar o serviço cívico europeu e a União Europeia como um todo”.

Descrevendo-se como "um grupo espontâneo de funcionários das instituições europeias" que estão "cada vez mais preocupados com a deterioração da imagem do projecto europeu", os organizadores querem que este caso chegue ao Tribunal de Justiça Europeu. A Goldman Sachs, lembram, foi “um dos bancos mais implicados na crise do sub-prime que levou à crise financeira de 2007/08 e na crise da dívida grega, tendo ajudado a Grécia a esconder o seu défice antes de especular sobre ela, em 2009/10, tendo pleno conhecimento da sua insustentabilidade”.

A contratação de Durão Barroso é classificada de “irresponsável”, “prejudicial” para as instituições europeias e “moralmente censurável”. Por isso, a petição pede ao Conselho da União Europeia e ao Colégio da Comissão Europeia que levem o assunto ao Tribunal de Justiça da UE e, para além de analisarem em detalhe todo o processo de contratação – se Durão respeitou, por exemplo, os seus deveres de integridade e discrição –, que seja suspensa a sua reforma como ex-presidente da Comissão enquanto trabalhar para a Goldman Sachs e depois disso, e que lhe sejam negados “todos os títulos honoríficos possíveis ligados às instituições europeias”.

Há três semanas, pressionado pela provedora de Justiça da União, o actual presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker decidiu que Durão Barroso passa a ser tratado como mero “representante de interesses e submetido às mesmas regras” dos restantes lobistas registados em Bruxelas. E pediu-lhe explicações sobre as suas exactas responsabilidades na Goldman Sachs Internacional e sobre os termos do seu contrato com o banco.

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