Palavras, expressões e algumas irritações: apoiar

Agora é o momento de as instituições se organizarem para que a distribuição do dinheiro seja eficaz e para que não haja motivos de desconfiança da parte de quem se solidarizou.

Foto
João Catarino

O verbo transitivo e intransitivo “apoiar” explica-se por “dar apoio ou usar como apoio” e significa “ajudar”. 

Nesta semana, contabilizou-se o “auxílio” dos portugueses às vítimas do incêndio de Pedrógão Grande: mais de 13 milhões de euros.

Sabe-se que cinco milhões foram recolhidos pela banca e que o concerto solidário Juntos por Todos angariou 1,153 milhões de euros. Mas a “ajuda” chegou de várias outras origens.

Agora é o momento de as instituições se organizarem para que a distribuição do dinheiro seja eficaz e para que não haja motivos de desconfiança da parte de quem se solidarizou.

“Como vão ser aplicados os mais de 13 milhões de euros reunidos para ajudar as vítimas dos incêndios? Depende: o Governo criou um ‘fundo de solidariedade’, que congregará vários dos donativos, mas a União das Misericórdias Portuguesas e a Cáritas de Coimbra avançam sozinhas na aplicação do dinheiro”, noticiou-se no sábado.

Informou-se ainda que será o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social a liderar a utilização do fundo, em articulação com as autarquias e instituições particulares de solidariedade social locais.

Só em prejuízos na agricultura a estimativa é de cerca de 20 milhões de euros. Segundo o ministro Capoulas Santos, em “perdas com plantações (vinhas, pomares, por exemplo), equipamentos ou explorações agrícolas”.

Palavra com vários sinónimos, o que mais nos agrada é “amparar”. O dicionário exemplifica: “Perdeu o emprego, mas os amigos ampararam-no.”

 “Apoiar” também se traduz por “usar como base ou fundamento”. E regista-se: “Apoia a sua defesa em argumentos sólidos.” É o que está a faltar na justificação para a tragédia de Pedrógão.

A rubrica Palavras, expressões e algumas irritações, bem como a Semana Ilustrada (esta da autoria de João Catarino) encontram-se publicadas no P2, caderno de domingo do PÚBLICO 

Sugerir correcção
Comentar