Cartas ao director

Quero vê-los julgados

Há um belo e desesperado poema de Neruda sobre a ditadura de Pinochet que diz "quero ver-vos aqui julgados, nesta praça", pois o cidadão comum e, neste caso, o poeta, perante a injustiça, exige que a Justiça se faça, mesmo tendo consciência que o poder instalado resistirá e que ela, a Justiça, nunca será feita.

A propósito dos incêndios que flagelaram a nossa terra, houve, a meu ver, dois crimes: um de homicídio por negligência de 64 compatriotas; o outro, de lesa propriedade. Duas das principais incumbências do Estado — que deve estar ao serviço do povo — são a protecção da vida e da propriedade e, por delegação, o exercício da Justiça. Torna-se cada vez mais evidente que a ministra da Administração Interna e os boys nomeados pelo primeiro-ministro para a direcção da Protecção Civil foram incompetentes [...]. Houve descoordenação, falta de meios nuns fogos e excesso noutros e, sobretudo, muita gritaria e pouca cabeça fria [...].

Eu sou um cidadão livre, não pertenço a nenhuma capelinha política nem faço parte dos abençoados 200.000 militantes partidários que há muito nos desgovernam. E, como o poeta, afirmo: quero vê-los aqui julgados, nesta praça! Mesmo sabendo que nunca o serão...

Ezequiel Neves, Lisboa

A precariedade laboral navega no Douro

A precariedade laboral e os baixos salários atingem muitos milhares de portugueses. Apesar de Portugal ser considerado destino turístico de excelência, há jornalistas e jornais que não navegam à sombra de interesses instalados. A excelente reportagem de Mariana Correia Pinto no PÚBLICO mostra-nos o lado menos azul da precariedade laboral dos trabalhadores de empresas que organizam passeios fluviais. O turismo fluvial no rio Douro não pára de crescer e a precariedade laboral não pára de aumentar. Fernando Peixoto escreveu: “Rio onde hoje já não vêm/nem arrastões nem cargueiros/e os rabelos que se vêem/são postais para estrangeiros.”

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

Sugestões para o PÚBLICO

O jornal PÚBLICO foi, e é, no jornalismo em geral, uma publicação periódica de referência. Comparado com outros meios de comunicação social, o PÚBLICO consegue, ainda, manter independência. Enquanto leitor, sou da opinião que o PÚBLICO pode dar maior destaque — em todos os formatos editoriais — a estes temas: a promoção da paz, o diálogo inter-religioso, o trabalho das organizações humanitárias, a defesa do bem comum, e factos de carácter positivo.

José Oliveira, Lisboa

O CDS e a Autoeuropa

O CDS critica o Governo por não intervir na Autoeuropa. Deverá ser o único partido da direita europeia que é apologista da intervenção estatal na iniciativa privada! O PCP não diria melhor!

Carlos Anjos, Lisboa

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