Cartas ao director

Iconoclastas

A Declaração Universal dos Direitos do Homem, incorporada no Direito Universal pela Declaração da ONU de 10 de Dezembro de 1948, afirma no Art.º 17.º: toda a pessoa, individual ou colectiva, tem direito à propriedade, de que não pode ser privada arbitrariamente; no Art.º 18.º: toda a pessoa tem direito à liberdade de convicções, sozinha ou em comum, e à liberdade de as manifestar. Sendo as estátuas monumentos públicos de propriedade colectiva, não podem ser destruídos arbitrariamente com o pretexto de se referirem a convicções diferentes das dos iconoclastas.

Em relação à estátua de Robert Edward Lee, no Lee Park de Charlottesville, Trump tem, por uma vez, razão jurídica e politicamente. A cidade foi o lar de Thomas Jefferson, patriarca da tolerância religiosa e ideológica, senhor de centenas de escravos e opositor à escravatura, fundador da American Philosophical Society. Os Estados Unidos têm de aprender a fazer a síntese das suas várias componentes de uma maneira filosófica, e só o respeito pela lei o permitirá. A igualdade racial nada ganhará com a provocação, já que o passado não deve ser apagado mas superado. O General Lee, comandante das tropas confederadas, a quem Lincoln tinha oferecido o comando do exército da União, jurou lealdade aos Estados Unidos no pós-guerra sendo o mais destacado elemento da união do país depois da Guerra Civil.

 Artur Carvalho, Lisboa

 

Trump alinha com a extrema-direita

Para quem tivesse dúvidas, Donald Trump alinha com a extrema direita. Pretende o apoio duma minoria activa e, esta foi concretizada na manifestação racista e nazi dos supremacistas brancos na Virgínia. Trump xenófabo, misógino e racista apoiou a manifestação contra os negros e quer restringir-lhes o voto, em futuros actos eleitorais.

A liberdade, do ponto de vista racial nos EUA, recuou. A estratégia trumpista é de divisão e assenta em grupusculos apologistas da violência e difusores do medo! É revelador o antigo líder do Ku Klux Klan (organização fascista/racista), ter agradecido a Trump o apoio dado à manifestação. Quando este comenta o evento, colocando manifestantes racistas e contramanifestantes pela liberdade no mesmo plano,  é intelectualmente desonesto, ao não separar os dois lados da barricada, diametralmente opostos. O Partido Republicano de Trump, não se demarcou daquela manifestação nazi, tornou-se refém duma estratégia errática e perigosíssima.

O Partido Democrata, dividido, também tem uma quota parte de responsabilidade política, já que não fez uma séria condenação desta desprezível manifestação causadora de morte e feridos. Inaceitável.

Vítor Colaço Santos, São João das Lampas

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