Cartas ao director

Bom comportamento

No "Ocidente",que a tecnologia tornou circunstancialmente dominante, desde Grotius, Locke, Montesquieu e da Reforma protestante, acentuou-se um individualismo jurídico (os "direitos do homem") que diferem dos tradicionais "direitos das comunidades", muitas vezes consuetudinários, que predominam na maior parte do mundo. O costume e a organização social espontânea é criadora de normas jurídicas (praeter legem) que são particularmente estudadas pela antropologia e sociologia. O indivíduo e a sociedade em que se insere têm lógicas desejavelmente convergentes. São as pessoas mais conformistas que se tornam mais convencionais nas sociedades gregárias e mais iconoclastas nas sociedades individualistas. Pôr os interesses e os valores sociais acima dos individuais e comportar-se conforme as normas é, ainda hoje, a "boa filosofia" da maior parte da humanidade. Trata-se da "ordem prática" e não da "ordem teórica". Os "meus direitos" devem respeitar "os nossos direitos" que decorrem da opinião colectiva e que são instrumentais para as sociedades.

Artur Carvalho, Lisboa

 

Serviço Militar Obrigatório

Com a recente e infeliz turbulência nas Forças Armadas, o SMO voltou à ribalta. Nos anos noventa, os “meninos” de algumas juventudes partidárias renderam-se às delícias da preguiça e do sucesso fácil e sem esforço, muito em voga naquela época de yuppies, influenciando o fim daquele serviço, essa “chatice”. Mais tarde, os mesmos meninos, já mais crescidos, foram confrontados com a crise financeira e com a onda dos “cortes inevitáveis”. Ora, se não estávamos em guerra, para quê gastar dinheiro em exércitos? Tanto mais que, para eles, investimentos sem retorno garantido são desperdício, e pagar salários à “carne para canhão” é perdulário, o mesmo não se podendo dizer dos do generalato. Tudo isto serviu às mil maravilhas para reforçar o desígnio (neo)clássico de imunizar as Forças Armadas a qualquer emanação popular, tornando-as uma guarda tendencialmente pretoriana, qual empresa privada altamente profissionalizada e armada que, em caso de “sarrafusca”, sabe bem que lado é que há-de defender.

José A. Rodrigues, Vila Nova de Gaia

 

Afinal há empregos?

Apesar das noticias “oficiais” que o número de desempregados está a baixar continuamos a saber mesmo à nossa porta do drama de muita gente que continua sem emprego. E depois somos confrontados com a falta de pessoal em muitas instituições.

Por exemplo: os hospitais estão entupidos porque há falta de médicos, enfermeiros, pessoal auxiliar. Vamos a Repartições de Finanças e esperamos muito tempo para sermos atendidos porque há ainda muitas vagas para serem preenchidas. As autarquias locais não podem contratar pessoal e as ruas acumulam lixo porque tardam em ser varridas.  Só o sobrecarrego das horas de trabalho dos professores conseguem que muitas escolas funcionem porque continuam sem pessoal auxiliar.

E ouvi na rádio que o nosso aeroporto tem falta de técnicos no SEF e é caótica a recepção de passageiros. Afinal se há necessidade de mão-de-obra em tantos serviços porque não se procede rapidamente ao preenchimento dessas vagas?

Maria Clotilde Moreira, Algés

 

 

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