Cartas ao director

Prestar contas

Já muito se disse sobre os incêndios e suas consequências. Agora é urgente acudir às populações afectadas e reparar os prejuízos. Já há uma conta solidária destinada a receber as doações de pessoas, empresas, instituições e poder central. É histórico que destes fundos, geridos normalmente por Organizações Não Governamentais (ONG), só uma pequena parte chega aos necessitados. As ONG organizam-se com funcionários bem pagos e, como tal, absorvem grande parte dos fundos destinados aos necessitados. Para evitar estas situações será conveniente que a organização da distribuição das verbas se faça por meio de comissões compostas por funcionários do Estado e das instituições, destacados e pagos pelas verbas correntes. É necessário que, de forma transparente, se prestem contas, informando, nomeadamente, quais as verbas distribuídas pelos beneficiários, e em que quantidade. Esta será a única forma de manter a confiança de doadores para futuras calamidades.

Mário Pires Miguel, Reboleira

Não façam da ministra o bode-expiatório

Todo um acumular de décadas em que se foi insistindo e persistindo em “atitudes” que têm vindo a “ajudar” o país a arder não vai ter “que ter” agora como bode-expiatório a actual ministra da Administração Interna, para “lavagem de consciências de tantos e tantas”. Seria o mais fácil e o mais simples, ilibar de responsabilidades e passar culpas de todos e todas que tiveram “comprometimentos” anteriores e que talvez não tivessem feito em devido tempo o que fosse indispensável fazer. [...] A roda já foi inventada há muito, não a temos que voltar a engendrar, e à nossa medida! Não é justo, não é humano, estar a querer fazer deste gravíssimo incêndio um passa culpas de tudo o que deixou de ser feito em décadas e queimar em lume activo a actual ministra da Administração Interna. [...]

Augusto Küttner de Magalhães, Porto

Viva Agualusa!

É justíssimo o prémio de Dublin para José Eduardo Agualusa. É um magnífico escritor, que orgulha a língua de Machado, Eça e Luandino, alguém que junta o respeito e a leitura competente e crítica da tradição literária, política e histórica a uma imaginação sem limite que nos delicia em cada capítulo curto, certeiro e sublime.

Recordo o encantamento com que esperava pelas suas crónicas na revista Pública, aos domingos, e na Revista XIS, aos sábados, as desta última publicação depois reunidas em A substância do amor e outras crónicas.

Além disso, é um homem lindíssimo, física e eticamente, duas realidades que devem estar intrinsecamente ligadas na construção da identidade masculina, e hoje raríssimas no império da superficialidade meramente ginasticada, cheia de vazio interior. Um homem inteiro, importante na denúncia de um mundo corrupto, em que o “homem” é cada vez mais “lobo” do homem e menos sonhador (in)voluntário, construtor de presente e esperança. [...] Viva!

Nelson Bandeira, Porto

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