Cartas ao director

A troca de manuais escolares

A venda e troca de manuais usados pode ser uma medida de economia para as pessoas, mas é antipedagógica. Quando aluno, muitas vezes anotei nos meus livros. Como exemplo, nos livros de línguas, como Inglês e Francês, coloquei a fonética por baixo das palavras, o que me ajudou a memorizá-la. Além disso, há matérias que têm continuidade. E como nem todos têm memória de “elefante”, manter um livro anterior na sua posse, passado um ou mais anos, ajuda a relembrar e a esclarecer dúvidas. Informatizá-los atenua alguns aspectos, mas convertê-los em PDF ou e-paper não está ao alcance da generalidade dos alunos. Se a troca for entre irmãos, a manutenção dos livros na mesma casa não criará tantos inconvenientes. Mas acabar um ano escolar e desfazer-se dos manuais que o ajudaram nesse ano não é salutar do ponto de vista pedagógico.

António Nunes da Silva, Oeiras

Desproporção eleitoral

As eleições parlamentares em França são uma boa ilustração para os desvios que as leis eleitorais introduzem nos resultados contáveis de deputados. Assim, o Movimento “En Marche”, de Macron, vencedor, poderá conseguir na segunda volta entre 400 a 455 deputados, dos 577 do Parlamento, com 32,32% de votos partidários da primeira volta. De notar que esta parcela, cerca de 1/3 de votantes da primeira volta, é de facto menos do que 1/6 do total do eleitorado francês, que se absteve acima de 50%. As leis são o que são. Esta democracia eleitoral, adversária da proporcionalidade, faz com que as escolhas de muitos dos eleitores franceses tenham muito menos peso para a composição da câmara do que outros, privilegiados pela lei, distorcendo a expressão da vontade de cada citoyen nas urnas. Nesta matéria, Portugal está bem à frente do Hexágono.

José Manuel Jara, Lisboa

Brincar com o fogo

Caminhamos para o Verão, o mesmo é dizer para os dias de braseiro que nos seca tudo e todos. A época dos incêndios aproxima-se. Vão chegar mais rápido do que se quer e, a fim de arrepiar caminho, convém alertar desde já para eles, e para o que foi e não foi feito em termos de preparativos para os combater com redobrada eficácia. Os bombeiros aquartelados pelo país, desde o mês de Outubro do ano passado e até Maio do ano que corre, que condições criaram, que estudos fizeram do terreno que conhecem e vão encontrar, que cuidados tomaram, que planeamento traçaram nestes meses todos de acalmia nas brenhas e matas, nos montes e serras, para que quando os fogos lavrarem os vales e as montanhas não venham protestar que as viaturas não andam por falta de peças, que os matagais são densos, que os aceiros não se abriram, que o apoio logístico falhou? [...] Para tudo isto houve tempo mais do que de sobra; resta saber se houve vontade e labor suficiente neste tempo de bonança que decorreu e que é muito para que a paz esteja connosco. Veremos, na altura do corre-corre e da aflição, se estas interrogações vão ter resposta adequada que as fazem cair por terra, ou se teremos mais do mesmo costume choramingão a que estamos habituados. Quem avisa amigo é!

Joaquim A. Moura, Penafiel

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