Cartas ao director

Os juízes e o direito à greve

Sempre que é noticiado que os juízes ameaçam com a greve, logo surgem os comentadores/doutrinados a sustentar que a greve dos juízes é ilegal, com a estafada argumentação de que são titulares de um órgão de soberania, os tribunais. Mas põem de lado a lei estatutária dos juízes, que os equipara a trabalhadores da administração pública, com os mesmos direitos e deveres. E entre esses direitos está o direito à greve constitucionalmente consagrado. É “remar contra a maré” manter o mesmo ponto de vista redutor dos direitos dos juízes e, mesmo agora com a projectada alteração do estatuto, ninguém se atreve a inscrever no estatuto a proibição do direito à greve. Calem-se de uma vez e aceitem a lei.

Guilherme Fonseca, Lisboa

Agência em Lisboa

A discussão sobre qual a cidade que o Governo português proporá para acolher a Agência Europeia de Medicamentos tem de ter em atenção critérios como a existência de instalações para cerca de 1000 funcionários, a criação de uma escola europeia, mas principalmente a existência de poderem ser comprados/alugados cerca de 1000 apartamentos/vivendas. Não me parece que outra cidade que não a grande Lisboa possa cumprir esta condição. E, finalmente, quantos funcionários europeus, vivendo em Lisboa, gostariam de ir viver para Coimbra, Braga ou mesmo Porto?

Ricardo Charters d’Azevedo, Lisboa

Abre-te Cés(amo)

A contratação de Inês César, sobrinha do presidente do Partido Socialista, para a empresa municipal alfacinha Gebalis dá que pensar. A Inês não pode ser penalizada por ser sobrinha de quem é. Contudo, o histórico de nomeações de familiares de Carlos César para cargos públicos faz soar o alarme. O nome de família passa a título imperial, abraçando a fórmula mágica de “Abre-te Sésamo” para bons e seguros empregos. Se fosse com um familiar de Passos Coelho no tempo da governação da coligação de direita, António Costa punha a boca no trombone.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

O nosso petróleo é o sol que temos!

O presidente do CCB, Elísio Summavielle, deu uma entrevista ao Sol em que afirma haver uma overdose de turistas em Lisboa, que parece Bombaim. Vindas de onde vêm, estas declarações são, no mínimo, estranhas. Quem critica o turismo revela uma grande ignorância sobre o nosso país. Não temos petróleo, nem marca de automóvel, nem carvão sequer. O que exportamos — calçado, vinho do Porto, azeite e cortiça — rende muito pouco. O turismo é uma das principais riquezas. No recente crescimento económico de 2,8% foi decisivo. Quem diz que há excesso de turistas, como o presidente do CCB, não pensa, por certo, no seu país e está a tirar o pão aos portugueses. Não é só o dinheiro que quem nos visita deixa, mas também o imposto sobre as dormidas na capital, uma iniciativa de Costa, que tem rendido bastante. O turismo é a galinha dos ovos de oiro. O nosso petróleo é o sol que temos! [...]

Simões Ilharco, Lisboa

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