Cartas ao director

Salvador Sobral ou o princípio da felicidade

Sou simpatizante do Benfica. Mas nunca os festejos clubísticos me deixaram tão desapegado como no último sábado. É que a emoção de ter assistido ao Festival da Eurovisão foi tão para além do limite do razoável que não consegui conter as lágrimas. Até ao momento em que começou a votação, o meu cepticismo era o habitual. A tantos festivais da Eurovisão assisti que me habituei a olhar Portugal como apenas mais um concorrente, modesto, com canções marginais, nas franjas de uma Europa com países como França, Alemanha, Itália, Áustria, Inglaterra, que elevaram a música a forma superior de cultura e de realização humana. Apesar de ter compreendido que Amar pelos dois tinha uma outra magia, a expectativa era a do costume — talvez um sexto lugar, um quinto, na melhor das hipóteses um quarto lugar, nunca mais do que isso. Até à votação. E depois chorei. Sim, chorei. Chorei as lágrimas com que me emocionei ao ouvir, numa tensão crescente, os cintilantes 12 pontos que ininterruptamente iam caindo na contabilidade da canção portuguesa. E percebi. Percebi que a Europa é culta precisamente porque compreendeu a grandeza da música de Luísa Sobral e da interpretação de Salvador. Que essa música não tinha “fogo-de-artifício”, mas tinha a essência original do encantamento, e uma leveza na expressão como se dela Salvador fizesse depender toda a harmonia do universo. E em português! (...) Sim, chorei. Porque um homem também chora — e eu chorei de felicidade.

José Carlos Soares, Oliveira de Azeméis

Amar pelos dez milhões de portugueses

De há muitos anos a esta parte deixei de ligar aos festivais de "enlatados da canção" da Eurovisão. Porém, este ano e depois de me ter chegado aos ouvidos a melodiosa voz de Salvador Sobral na canção Amar pelos dois, fiquei logo "apanhado" pela mesma e disse para comigo: espera lá, Arlindo! Isto é lindo, tem muito sentimento e muita qualidade. E a letra da canção toca profundamente os nossos sentidos e os nossos corações. Esta canção lindíssima tem ainda o mérito de ser cantada em português. (...) Ora, porque "a música não é fogo-de-artifício, é sentimento", como ele próprio disse na noite da sua brilhante interpretação e extraordinária vitória, obrigado Salvador e Luísa Sobral, pela vossa lição de amor à poesia, à música e à nossa língua! Pois, como disse um comentador na TV, a vossa canção e a interpretação do Salvador foi " amar pelos dez milhões de portugueses". (…)

Arlindo de Jesus Costa, Odivelas

O PÚBLICO ERROU

Na edição de 13 de Maio escrevemos que o prémio Novo Banco Photo é a mais alta distinção de arte contemporânea em Portugal, no valor de 40 mil euros. Existe, no entanto, outro prémio que iguala este montante, o Prémio Sonae Media Art, do Museu do Chiado. 

Um lapso na edição de ontem, na secção “Espaço Público”, levou-nos a trocar a entrada do artigo “Tertium genus: nem pessoa, nem coisa”, de Eduardo Castro Marques. Ao autor e aos leitores, as nossas desculpas.

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