Cartas à Directora

Reflexões sobre as contas do OE

Vejo alguns comentadores e políticos, poucos, a manifestarem reservas quanto aos dados do 1.º semestre do OE, alegando adiamento de pagamentos de dívidas a fornecedores e devoluções de IRS.

Quanto ao IRS, se há devoluções a efectuar, também haverá cobranças a fazer. Não temos dados para saber se o saldo será positivo ou negativo quanto à cobrança dessa receita.

Há porém um elemento importante que decerto terá muito peso, sobretudo em Julho e Agosto. O subsídio de férias, de que não vejo falar.

Os trabalhadores do Estado, já o receberam em fins de Junho. Mas o grande volume de gasto de quem o recebeu será no segundo semestre. E pensionistas só o receberam em Julho e, por maior razão, o seu efeito benéfico na economia só se sentirá também neste semestre.

Para trabalhadores privados, as datas são mais flexíveis mas, na grande maioria, pago no 2º semestre.

O subsídio de férias paga IRS e, como já não é habitual guardar dinheiro debaixo do colchão, irá servir sobretudo para pagamento de dívidas e para compras, provocando aumento de receita de IVA, de IRC, de imposto de combustíveis. Anima economia e contribui para aumento do emprego sazonal (quer pelo volume de compras, quer por o gozo de férias obrigar a preenchimento temporário de alguns desses postos de trabalho).

Não há pois indícios suficientes das contas do OE piorarem no 2º semestre. Antes pelo contrário.

António J.  M. Nunes da Silva, Oeiras

A bem do país

Diz a verdade, prezados atletas olímpicos portugueses, Sara, Esgaio, Nelson, Telma, Marcos, Victoria, Filipa, entre tantos outros da nossa equipa, de que sabemos do vosso inquestionável talento, engenho e empenho. Contudo, tenho que vos solicitar que não ganhem qualquer medalha nos jogos do Rio de Janeiro, por forma a não afectar mais as nossas finanças. (…)

Afinal, se vencerem, lá irão ser condecorados pelo Presidente e, assim, tenham presente que todo o cerimonial irá acarretar elevados custos, tal como os recentes e memoráveis eventos afins. Todavia, como os fins justificam os meios, ganhem, sem receios, todas as medalhas que conseguirem, e com todo o merecimento a que têm feito jus. E, à luz de cada vitória, que ficará também gravada na nossa História, clamem bem alto e a uma só voz, para gáudio de todos nós, mesmo que seja num dia de trabalho: "hoje é feriado, c...".

José P. Costa, Lisboa

Governo quer negociar eléctricos

Chamou-me particular atenção uma pequena notícia assim epigrafada: ‘Governo quer negociar eléctricos’.

Embrenhado na mesma, fiquei surpreso pela negatividade do seu conteúdo. Eu explico.

A STCP, os STCP, os Transportes Públicos do Porto, a Carris, enfim, sinónimos de uma grande empresa de muita estima para os portuenses foi municipalizada por uns quantos municípios que englobam o Grande Porto, numa perspectiva, a meu ver, de ‘dividir para reinar’, ou dar bons tachos, a fim de se alambazarem nas tetas da mãe pública.

E o caricato da questão foi a neófita municipalizada empresa descartar-se das três únicas linhas dos eléctricos, as testemunhas vivas de um passado que se deve realçar e manter.

Então pergunto: a quem pertencerão, a partir de agora, o Museu do Carro Eléctrico, em Massarelos, onde estão bem vivas as letras STCP, bem como os velhinhos carros eléctricos que nele fazem história?

José Amaral, VN Gaia

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