Cartas à Directora

Cabo das Tormentas

A dívida pública portuguesa é o novo Cabo das Tormentas. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública indica que a dívida do Estado cresce mais do que a economia. A despesa com os juros não pára de subir. O endividamento não tem barreira que impeça o seu crescimento. A taxa de crescimento do PIB é insignificante. Espero que a euforia com a conquista do europeu de futebol coloque em jogo todas a capacidades lusas para inverter a relação dívida pública/crescimento da economia. Fernando Santos deve explicar a António Costa a arte da defesa e do contra-ataque. Que nos vale o Algarve e a beleza do Douro se corremos os riscos de um novo resgate? O Estado é tão gastador como a generalidade dos portugueses. Afinal, nem nos bancos o dinheiro está seguro.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

A banalização mediática dos ataques na Europa

A imperiosa necessidade com que os nossos meios de comunicação social, com primazia para as televisões, seguem as “redes sociais” para terem audiência, cria demasiadas confusões de análise, erros e problemas graves num futuro próximo.

Cada “ataque”, e já são alguns, que acontece na Europa, hoje – dado que se for em Cabul, ou noutro qualquer outro local “não conta” – faz a mediatização, os comentários, os comentadores estarem ao segundo a dizer tudo o que acham saber, mas não sabem. (…) E tudo em directo, tudo a cores – sangue! – é Daesh, não é Daesh, é um doido, não é um doido, é um excluído , não é um excluído. Bem, afinal deve ser o Daesh. E este feliz e contente por nada fazer, mas disseram que fez.

E mediatiza-se e mostra-se sangue, e muitos BMW, todos lavadinhos de Munique, por acaso (ou não) a terra onde se fabricam os BMW. Muitos, e VW também. E muito movimento. E entrevistas a quem estava, não estava, esteve, vai estar. Tudo em directo, tudo igual, mais do mesmo e dos mesmos. Sempre! Aqui a Frau Merkel, neste marasmo em que vivemos, tem-se sabido resguardar – não como o Sr. Hollande e o seu péssimo PM, Manel Valls, em Nice. Não, Frau Merkel nada a diz a quente, aguarda. E bem, muito bem! (…)

E de repente o jornalismo deixou-se ir, uma vez mais, a reboque do que está a dar, para não perder espaço. E banaliza tudo e destrata o sofrimento das Pessoas, dos Humanos. Mas mostra, mostra, mostra. Entrevista, dá palpites, mediatiza o que nunca deveria ser tão mediatizado. Não informa, faz qualquer coisa, por já não saber o que deve fazer. (…)

E esquecemos que estamos a tratar de pessoas com pessoas. E de mortes e de crimes. Mas não, não interessa, interessa é mostrar, comentar, aterrorizar.

Vai, isto, acabar mal. Vai, mas depois todos fogem à responsabilidade, e não assumem os “seus, nossos” erros, hoje ninguém assume erros, se calhar ninguém os comete, só os outros os praticam! Será que todos fazem tudo certo, até os que praticam estes denodados ataques? Responda quem souber, e hoje todos sabem a tudo responder! (…)

Augusto Küttner de Magalhães, Porto

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