Cartas à Directora

Covardia

Já vivi em Bruxelas. O meu local de trabalho ficava a escassas centenas de metros do local onde foi identificada a presença de Abdeslam no passado dia 15/3, em Forest. Todos os dias entrava em Bruxelas pela Rue de La Loi, onde se encontra a estação de Maelbeek, alvo de um dos ataques de hoje. Não é que isso tenha um significado especial. Talvez tenha apenas contribuído para passar a manhã sem me conseguir afastar muito das notícias que iam caindo, um hábito destes dias, que ganhei quando vivi na Argélia, onde, por acaso, até me encontro neste momento. É difícil não repetir as mesmas reflexões das situações anteriores, sentir a mesma revolta e, felizmente, continuar a achar que isto tem que acabar.

Obviamente que a mediatização da perseguição e da captura de Abdeslam foi um espetáculo acessório, uma celebração tragicamente curta. A sua aparente permanência clandestina, no seu bairro durante 4 meses, é por si só suficiente para justificar que não estamos em presença de um lobo solitário e, muito provavelmente, a ação de hoje não terá sido levada a efeito por um comando chegado na véspera do Médio Oriente.

Há uma parte, grande ou pequena, da comunidade imigrada cúmplice e encobrindo a presença destas redes. A outra parte, supostamente bastante maior, não pode simplesmente dizer “nada comigo”. Todas as frustrações, as discriminações racistas, que as há, não deveriam permitir nenhum tipo de contemporização com estes atos ignóbeis e covardes, sob pena de agravar e tornar irreversível o processo.

Não sei se iremos ainda a tempo de termos na Europa um espaço comum onde a comunidade muçulmana esteja integrada e percecionada como respeitadora da convivência pacífica. Sei que esta frase é politicamente incorreta e algo injusta no seu fundo. Mas é pertinente. Não sei se iremos a tempo. Sei que bater na tecla do costume, da exceção, dos “mas” e “também”, vai levar a isso certamente. Denunciem-nos por favor!

Carlos J F Sampaio, Esposende

 

A poupadinha

Assunção Cristas, nova líder do CDS, enquanto ministra da Agricultura e Pescas, foi medíocre. Poupou na electricidade desengravatando os trabalhadores no ministério. Fez algo pelos Pescadores? Poucochinho. Pelos Camponeses pobres? Zero. Alargou ainda mais o campo eucaliptado, dando dinheiro a quem os plantou, ainda por cima. As celuloses agradecem... Os velhinhos e os valorosos combatentes da Guerra do Ultramar (Colonial) também agradecem que as promessas, de Paulo prometedor Portas,  não continuem a ser rasgadas. Mesmo na oposição, Cristas deve tomar a iniciativa de lavar a imagem demagógica e inverdadeira do seu antecessor.

Vítor Colaço Santos, S. João das Lampas

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