Cartas à Directora

Aprender com a Grécia

Nos últimos quatro anos, fruto do aumento do IRC em 9 p.p., a Grécia perdeu competitividade e assistiu ao encerramento ou deslocalização para países vizinhos de cerca de 200 mil empresas, o que provocou um forte crescimento do desemprego e a contracção do PIB. Mesmo as empresas que não deslocalizaram a produção para países vizinhos, como a Bulgária (IRC- 10 %) ou o Chipre (IRC- 12,5%), acabaram por transferir a sua sede fiscal para Estado com regimes fiscais mais favoráveis, nomeadamente Luxemburgo e Holanda. Não satisfeitos com estes resultados, as facções mais à esquerda do Syriza propõem um novo aumento do imposto sobre os lucros em 20%, o que poderá degradar ainda mais a competitividade da sua economia. Esta situação constitui um alerta para o nosso governo e sobretudo para o PCP e o BE, que para cumprir as suas exigências, obrigam à imposição de novos aumentos da carga fiscal directos e indirectos sobre as empresas. Além disso, as suas reivindicações tendem criar custos adicionais para o patronato, sob a forma de aumentos salariais, reduções do horário de trabalho ou novas formas de tributação das mais-valias ou reporte dos prejuízos. Assim sendo, parece-me importante criar uma estratégia contrária, ao que foi seguido pelo governo grego e assegurar as condições necessária para que possamos não só manter e expandir o actual tecido empresarial, mas também atrair investimento estrangeiro de qualidade para os sectores produtivos da economia.

João António do Poço Ramos, Póvoa de Varzim

 

Efeméride

Com o aproximar do dia 11 de Março, será inevitável relembrar o facto histórico ocorrido naquele dia de 1975, data da golpada revolucionária que permitiu aos comunistas tomarem as rédeas do poder em Portugal. As efemérides têm a vantagem de nos fazerem relembrar peripécias ocorridas na época e foi assim que hoje revivi muitas conversas e discussões com familiares e amigos. Entre muitas, recordo quando saí em defesa dos comunistas apesar de estar do outro lado da barricada discordando daqueles que diziam que eles, os comunas, davam uma injecção atrás da orelha aos velhinhos, fazendo-lhes ver que isso era uma invenção dos do antigamente que usavam aquela infâmia para amedrontar as pessoas. Parece que tudo isto foi ontem, mas a verdade é que já passaram mais de quatro décadas e por coincidência, leio no JN uma entrevista a um enfermeiro que confessa que na sua actividade profissional num hospital central em 1975, viu vários pacientes a serem ajudados a morrer. Quando acabei de ler a entrevista, pensei cá com os meus botões: querem ver que aquela história da injecção atrás da orelha era verdade e terei que dar a mão à palmatória com quem discordava naquela época que acusavam aqueles que hoje, graças a uma golpada parlamentar são novamente poder?

Jorge Morais, Porto

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