Cartas à Directora

Trabalho e obediência não chegam

Como já temos orçamento, agora, entramos no ritmo normal: trabalho e obediência. Bem ou  mal, conforme os gostos e latitude a que nos encontremos. Temos então um novo tempo. Temos certamente um novo tempo. Espero que de esperança para todos, novos e velhos, ricos e pobres. Podemos, então, começar a pensar ou repensar no que realmente interessa. Não, não me refiro ao descalabro financeiro da nação. Se não fosse pelos bancos, também as nossas finanças se iriam. Discutir isso é pura perda de tempo. Seria interessante discutirmos, por exemplo, o futuro ecológico. Se realmente gostamos dos nossos filhos e netos; se queremos deixar algo de interesse como herança para eles, dediquemo-nos com verdade na defesa ecológica da Terra que habitamos. Aí, sim, teremos a oportunidade de mostrar que somos bons e interessantes. Como sabemos, esta Terra a que todos pertencemos, tem limites, por isso tem de ser preservada. Aproveitemos por isso o novo tempo e reservemos algum para a defesa ecológica da Terra. O resto, lamento, mas não vejo ponta por onde se pegue.

Gens Ramos, Porto

 

O que é uma "francesinha"?

Acabo de ler a incomparável crónica de V. P. Valente que me leva a comprar quase sempre o Público ao Sábado.

Dinheiro bem empregue. O cronista "mouro" (em Portugal, é difícil ser mouro puro, tantas gentes por cá passaram) fala, logo no início da nota de humor em relação às farpas do autarca do Porto contra Vigo, em "francesinhas". Ora, sendo eu do Centro, ou seja uma mistura de celtiberos, gregos, fenícios, romanos, árabes et al., percebo pouco de franceses (Lisboa sim: "... não sejas francesa...") e ainda menos de "francesinhas" (as mulheres são sempre mais complicadas).

Sucede que o portuense não deve ter mudado o nome à praça da Galiza, após estar no poder. Ora Lisboa homenageia Espanha com o nome de uma praça. Será que o Porto tem alguma com o nome de Portugal?

Estou muito preocupado com esta "guerra", pois é sabido que as regiões divisórias correm sempre grandes riscos.

Antides Santo, Leiria

 

Estão a matar o Tejo

Quem passa na av. da Índia, a seguir ao Museu da electricidade, observa-se a construção de mais dois edifícios, mais dois mamarrachos a cortarem vista do Tejo. A beleza da cidade, não é só pelas suas colinas, pela sua luminosidade, pelos seus monumentos, mas também pela beleza do Tejo que se espraia até as bordas do Barreiro, Seixal, Almada, Cacilhas e contornando a Trafaria, esconde-se pela Costa da Caparica, e não deixa de beijar os pés de Vila Franca de Xira, Alverca Lisboa e vai adormecendo linha abaixo até Cascais. Mas não; o Porto de Lisboa, a CM de Lisboa, todos os serviços de urbanismo, a troco de sabe-se lá o quê, permitem que se construa mais uma barreira a esconder o rio que marca a gesta dos descobrimentos. É com pena que se assiste à destruição de mais um pedaço do património visual dos lisboetas e do país, à custa do afogamento do rio Tejo.

Duarte Dias da Silva, Lisboa 

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