Cartas à Directora

Erros "açucarados"

O PÚBLICO de 14/Jan. traz duas páginas de informação a propósito da suposta intenção do governo, sob proposta do director geral da Saúde, em diminuir a quantidade de açúcar nos "pacotinhos" que nos trazem junto com o "cimbalino" (ou "bica" como preferem os "alfacinhas"). Boa intenção para a nossa saúde, mas não é por isso que aqui venho.

O que aqui me traz é mais uma "caixa" que releva no centro das páginas e que não entendo porque ali está já que fala da lactose (açúcar do leite, como aliás está bem explicado), quando todo o corpo do texto principal fala de "açúcar" mas percebendo-se bem que se refere à sacarose (vulgarmente designado por "açúcar de mesa") embora este nome científico nunca seja utilizado.

Ou seja, quase toda a informação está formalmente correcta mas falando de coisas distintas e que não encadeiam como parece ser intenção da jornalista. E digo "quase toda" pois, no que à lactose diz respeito, há uma confusão, já que diz que embora a intolerância àquela possa , ou não, rara (mas não uma "moda" como diz a Prof. Isabel do Carmo...) aumentam as alergias. É que estas últimas são às proteínas do leite de vaca e não ao açúcar citado.

Termino com uma explicação que poderá ajudar os mais leigos na matéria e que estranharão a linguagem um pouco "esdrúxula" que utilizei: ambos os açúcares acima referidos são dissacarídeos, compostos por dois outros (denominados monossacarídeos)  que são a glicose e a galactose (no caso da lactose) e a glicose e a frutose (no caso da sacarose). E é esta última que querem (e bem) que nós moderemos nos nossos hábitos alimentares.

Fernando Cardoso Rodrigues, Pediatra, Porto

 

Cumprir metas do défice Orçamental

Pelo que foi recentemente publicado pela comunicação social, a diferença entre as pretensões do governo para a redução do défice estrutural e as metas de Bruxelas, ronda os 0.4% do PIB, ou seja, cerca de 700 milhões de euros. Apesar de considerar, que o governo deve bater-se pelo alívio das medidas de austeridade, de forma a acomodar algumas políticas que promovam o crescimento, parece-me que existem possibilidade de equilíbrio do orçamento, a que António Costa pode recorrer para aproximar os seus planos, das metas de Bruxelas, sem que para tal se coloque em causa o acordo com os partidos mais à esquerda. Assim sendo, dentro destas possibilidades, o governo poderia eliminar a redução do IVA na Restauração e a diminuição da Taxa Social Única para os salários até 600 euros. Nestes dois pontos, seriam obtidas poupanças na ordem dos 250 milhões de euros. Além disso, ainda se poderiam obter receitas provenientes da redução das transferências para as autarquias, do adiamento das 35 horas na função pública para 2017 e do aumento do IMI para as residências secundárias. Desta medidas, resultaria uma poupança na ordem dos 400 milhões de euros, o que seria mais do que suficiente para cumprir a redução do défice estrutural e evitar quezílias com as autoridades europeias. Principalmente, numa altura em que a instabilidade politica e económica mundial constitui uma séria ameaça à economia portuguesa e à sustentabilidade da sua divida pública. 

João António do Poço Ramos, Póvoa de Varzim

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