Cartas à Directora

Um grande favor à extrema-direita

Continuo sem conseguir entender como os graves acontecimentos da passagem de Ano na Alemanha, principalmente em Colónia mas não só, demoraram 4 dias a serem publicados. Pode-se argumentar que a agressão sexual é um crime que não provoca queixa imediata, mas mesmo assim... Foi necessária uma manifestação de rua contra a insegurança para a comunicação social pegar no assunto.

A seguir, as autoridades resolveram também não contar imediatamente tudo o que sabiam sobre a origem e nacionalidade dos agressores já identificados. Se é importante evitar as generalizações abusivas, estas tentativas de branqueamento ridículas têm, naturalmente, perna curta e um efeito boomerang que a extrema-direita muito agradece.

Esqueçamos o contexto específico de serem ou não sírios ou muçulmanos ou refugiados. O que se passou em Colónia é perfeitamente natural, por exemplo, no Cairo. Penso não existirem dúvidas, mesmo para os mais acérrimos defensores do multiculturalismo, de que há comportamentos não admissíveis na Europa, que devemos ser absolutamente intransigentes quanto a isso e que a solução não é as mulheres afastarem-se “mais do que um braço” de desconhecidos, tal como pateticamente sugerido pela Presidente da Câmara de Colónia.

Não sejamos ingénuos. Há um mínimo de integração cultural indispensável, por exemplo no que toca à condição feminina, mas não só. Essa mudança de práticas e mentalidades não ocorre automaticamente ao atravessar a fronteira. Fazer de conta que “não foi nada…” e evitar que a constatação da realidade ponha em causa o discurso “politicamente correto”… é um caminho muito equivocado.

Carlos J F Sampaio, Esposende

 

Eleição ao sufrágio universal

Parece não ser demais afirmar que só o Presidente da República é eleito ao Sufrágio Universal. É assim em Portugal enquanto se não alterar a Constituição. Isto vem a propósito da nossa direita se não conformar que o presidente do partido mais votado não seja necessariamente o Chefe do Governo. Podia ser, se desejasse governar em minoria parlamentar com todas as nefastas consequências já conhecidas no passado ou se conseguisse o apoio parlamentar de deputados de outros partidos. Isto é impensável dada a disciplina de voto que todos os nossos partidos impõem aos seus deputados. Há muita coisa a melhorar na nossa jovem democracia, a Europa está cheia de exemplos de ajustes constantes com o objetivo de mais e melhor democracia. Para 2016 creio que a grande maioria dos portugueses desejam um governo estável que não perca a confiança dos mercados e da União Europeia, introduzindo esperança nas pessoas mais desfavorecidas. Ao contrário da instabilidade que a direita prevê, não parece provável que os partidos à esquerda do PS estejam interessados em provocar tal situação, pela simples razão de não desejarem o regresso à austeridade.

Raul Fernandes, Porches

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