Cartas à Directora

Vai manter-se o silêncio?

Péssimas notícias para um início de ano as que hoje encontrei no PÚBLICO, relativas ao Acordo Ortográfico de 1990:

1. "Sobem para 215 milhões os falantes de português a usar o Acordo Ortográfico", da Lusa, com esta nota por baixo da imagem que 'ilustra' o texto: "O Acordo já tem o processo de implementação ‘finalizado’ em Portugal, onde entrou em vigor a 13 de Maio de 2015, apesar da oposição de grupos da sociedade civil."

2. "Acordo entra hoje em vigor no Brasil depois de três anos de polémica".

E eu pergunto aos portugueses, se é que ainda há disso por aí: vai manter-se o silêncio que tão bem tem servido os interesses dos defensores do AO90, designadamente os da indústria editorial? Essa gangrena que cresce por todo o lado, com particular e inaceitável visibilidade no domínio do Ensino – básico, secundário e superior – a maior vergonha nacional desde que estamos em democracia, vai acabar por impor-se? E não se ouve praticamente ninguém, desde que a voz incansável e vibrante de Vasco Graça Moura se calou para sempre?!

Será que vamos ter mais uma campanha eleitoral, agora para a Presidência da República, a ignorar ostensivamente este tema, com a habitual conivência dos 'media'? Os que lutaram contra a ditadura, a PIDE, a censura, a guerra colonial, e que conduziram Portugal à democracia, mereciam esta indignidade, esta cúmplice passividade, esta cobarde aceitação, perante o maior atentado alguma vez perpetrado contra a nossa língua materna?

Termino, com a expressão do meu sincero reconhecimento ao PÚBLICO, pela verticalidade com que se tem mantido fiel ao Português de Portugal.

Maria José Abranches Gonçalves dos Santos, Lagos

 

Obrigado ao PÚBLICO

Não ficaria de bem com a minha consciência se no último dia deste ano de 2015, em jeito de balanço, não partilhasse com os restantes leitores a minha relação com este jornal. Embora sem partido político, serei um conservador com preocupações sociais. Nunca votei em qualquer partido à esquerda do PSD-PPD. Nem em nenhuma personalidade política da mesma área de esquerda para Presidente da República. Feita a declaração de interesses, falta explicar a minha dedicação e respeito pelo PÚBLICO, sua direcção e redacção. Estas que claramente não são, nem nunca foram de direita, são no entanto independentes de partidos, não obedecem a nenhuma agenda especial. À sua maneira, procuram escrever o que pensam da realidade nacional e internacional. É assim que determinados artigos que venho escrevinhando ao longo de muitos anos, “politicamente incorrectos”, foram dados à estampa no “nosso” jornal. Bem hajam por isso, faço votos que em 2016 continuem, e que o grupo SONAE, continue a apoiar a liberdade de imprensa em Portugal.

Manuel Martins, Cascais

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