Eficiência colectiva, a chave para Portugal

A economia do conhecimento desenvolvida num contexto de globalização em rede constitui uma matriz competitiva

A economia mundial está a atravessar um momento de mudança disruptiva, impulsionada pelas dinâmicas de crescimento dos países emergentes e pelo impacto das novas redes de comunicação. A globalização tem vindo a evoluir no quadro dum novo paradigma de rede, que muda as dinâmicas e altera as ameaças e as oportunidades que delas decorrem. Portugal resistiu com dificuldade aos desafios da economia industrial, para a qual não dispunha de vantagens comparativas assinaláveis, nem de localização, nem de dimensão de mercado, nem de recursos endógenos, nem de posicionamento geográfico. A economia do conhecimento que progressivamente vai tomando o lugar da economia industrial é no entanto mais favorável ao nosso país.Numa globalização em rede, Portugal constitui um exemplo relevante de "nação rede" com cerca de cinco milhões de cidadãos nacionais disseminados por todo o globo, uma língua global, uma localização charneira nos fluxos mundiais de pessoas, bens e mercadorias e um património muito forte de relações geopolíticas diversificadas, associadas a uma identidade reconhecidamente aberta à multiculturalidade. A economia do conhecimento desenvolvida num contexto de globalização em rede constitui uma matriz competitiva em que Portugal tem vantagens claras e da qual pode emergir como um país integrante da rede multipolar que assumirá a liderança económica no novo ciclo tecnológico. Para que esta perspectiva se concretize, o país tem no entanto que ultrapassar dois constrangimentos determinantes que limitam o seu potencial de afirmação no novo contexto competitivo - as baixas qualificações e a fragilidade das redes internas de cooperação.
Consciente destes aspectos críticos fundamentais, o Plano Tecnológico, enquanto ideia política e agenda mobilizadora, tem vindo a focalizar a sua acção no desenvolvimento das qualificações das pessoas, das empresas, das instituições e dos territórios e no fortalecimento das redes e parcerias capazes de incrementar a eficiência colectiva na nossa economia. A constituição recente do Pólo de Competitividade e Tecnologia para a Saúde (Health Cluster Portugal) assinala um momento alto na concretização do Plano Tecnológico e duma das suas medidas emblemáticas, com a particularidade de ter resultado da dinâmica das empresas e das instituições de investigação do sector, reservando-se o Governo para o papel de facilitador e incentivador.
O Quadro de Referência Estratégico Nacional 2007-2013, que representará um investimento superior a 22 mil milhões de euros, dá uma prioridade clara ao financiamento de acções que promovam de forma integrada a eficiência colectiva no relacionamento entre o Estado e a sociedade civil e entre os diversos actores do sistema económico e social. O acompanhamento do que está a acontecer no terreno dá-nos razões fundamentadas de optimismo quanto à possibilidade de assistirmos nos próximos meses à multiplicação de exemplos como o que aconteceu na Saúde, permitindo sedimentar um mapa competitivo que cruze pólos de competitividade e tecnologia de vocação global, clusters sectoriais para a competitividade internacional, redes de aproveitamento de recursos endógenos e redes de valorização territorial, designadamente ao nível da requalificação urbana. Se esta expectativa se concretizar, associada ao esforço intenso que está a ser feito na qualificação dos portugueses, existem fundadas razões de optimismo para o nosso futuro comum. O paradigma económico mudou. O jogo agora é outro e Portugal tem todas as condições para ganhar se colmatar os constrangimentos que o limitam. Os sinais indicam que o estamos a conseguir fazer. Coordenador nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico

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