O fado ouve-se à desgarrada no Dia Internacional dos Museus

  • Quando esta sexta-feira, dia 18, se celebrar o Dia Internacional dos Museus, há um sítio onde guitarras portuguesas se vão ouvir e fado à desgarrada se irá cantar. É no Museu do Fado e estão todos convidados.

    De que outra forma poderia o Museu do Fado celebrar o Dia Internacional dos Museus que não fosse abrindo as suas portas e oferecer fado, muito fado, a quem o quiser ouvir? É isso mesmo que consta do programa preparado pelo Museu do Fado para este dia, unindo-se à iniciativa que, em todo o mundo, convida a população a visitar museus gratuitamente. Os festejos começam logo pelas 15 horas, com uma actuação dos alunos da Escola de Guitarra do Museu do Fado, dirigidos pelo Mestre António Parreira. E continuam logo de seguida com três momentos de fado cantado ao desafio por Jaime Dias com Pedro Galveias e Vítor Miranda com Diogo Rocha. A acompanhá-los estarão os músicos Sérgio Costa na guitarra portuguesa e Ivan Cardoso na viola. As desgarradas poderão ser ouvidas às 16, 17 e 18 horas e a entrada é livre, mas limitada à lotação disponível.

    Esta é uma boa oportunidade para ouvir os alunos da Escola de Guitarra do Museu do Fado que, recorde-se, estiveram em evidência na final do Festival Eurovisão da Canção, realizada em Lisboa, ao acompanharem a fadista Ana Moura num dos temas de abertura do evento - o Fado Loucura.

    "E porque o fado se pode revestir de várias roupagens e emoções, esta é também uma excelente ocasião para testemunhar como quatro talentos se desafiam na voz e no improviso, cantando à desgarrada."

    E porque o fado se pode revestir de várias roupagens e emoções, esta é também uma excelente ocasião para testemunhar como quatro talentos se desafiam na voz e no improviso, cantando à desgarrada. Jaime Dias, Pedro Galveias, Vítor Miranda e Diogo Rocha são nomes reconhecidos no universo do fado e vão mostrar como é que a disputa se dá entre a tradição, a inovação e o humor que costumam caracterizar estas interpretações feitas sem rede nem ensaio.

    Museus ligados

    “Museus hiperconectados: novas abordagens, novos públicos” é o tema das celebrações do Dia Internacional dos Museus deste ano, proposto pelo International Council of Museums (ICOM), a entidade que promove esta iniciativa. Na base da escolha do tema para 2018 está a percepção de que “é impossível compreender o papel dos museus sem ter em conta todas as conexões que protagonizam e possibilitam”, lê-se na informação disponibilizada pelo ICOM Portugal.

    Segundo o mesmo organismo, estas ligações são hoje proporcionadas pela tecnologia, que permite aos museus “alcançar novos públicos, para além do público tradicional”, ao mesmo tempo que oferece “novas formas de aproximação das colecções aos diferentes públicos”. Como? Por exemplo, através da digitalização de espólios, da utilização de elementos multimédia ou das ferramentas de partilha disponíveis nas redes sociais.

    Outras conexões identificadas – e salientadas – pelo ICOM Portugal, passam pelo esforço que tem vindo a ser desenvolvido pelos museus para “manter a sua relevância na sociedade”, centrando “a sua atenção na comunidade local e nos diversos grupos que a constituem”. E isto tudo faz do Museu do Fado um museu hiperconectado, desde que, em 1998, foi criado.

    É que neste espaço – quer físico, situado no Largo do Chafariz de Dentro, em Lisboa, quer virtual – congregam-se espólios de centenas de artistas (profissionais e amadores), imortalizam-se histórias e reúnem-se as peças que resgatam e preservam a essência do fado.

    Além dos espaços expositivos, o Museu integra ainda uma escola, um centro de documentação e um auditório. É neste último que se realizam muitas das actividades destinadas a cultivar – e propagar - o gosto por aquele que foi consagrado Património Imaterial da Humanidade em 2011, pela UNESCO. Visitas cantadas, oficinas pedagógicas, concertos para todas as idades ou conversas intimistas com artistas são apenas algumas das iniciativas que integram a programação do Museu do Fado, ligando-o profundamente não só à comunidade do fado, como a todos os que se interessam por esta forma ímpar de cantar a vida.