As autoridades da província da Fronteira Noroeste do Paquistão mandaram hoje centenas de afegãos de volta para o seu país, numa operação para livrar a região daqueles a quem chamam "refugiados não registados".

"A campanha começou e nós não vamos permitir a entrada aos refugiados afegãos não registados e aos que são suspeitos de estarem envolvidos em crimes", disse o secretário dos assuntos internos da província, Mazhar Ali Shah, citado pela Reuters. O Paquistão, país que acolheu mais de três milhões de refugiados afegãos durante a ocupação soviética do país, nos anos 80, diz que ainda há dois milhões de afegãos a residir no seu território.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) calcula em cerca de 120 mil os afegãos que chegaram ao Paquistão desde Setembro de 2000, fugindo à seca e à guerra civil.
Mazhar Shah disse hoje que cerca de 450 afegãos foram detidos na área tribal de Khyber, na zona fronteiriça, e imediatamente deportados para o Afeganistão. Para além destes, mais de 50 afegãos foram apanhados em outras duas localidades e levados para o lado afegão da fronteira.
Representantes do Governo em Peshawar, capital da província da Fronteira Noroeste, dizem que há actualmente mais de 300 mil refugiados afegãos não registados a viver na província. Estes representantes afirmam que os refugiados não identificados sobrepovoam as cidades e criam mais obstáculos às já difíceis condições de sobrevivência.
Um porta-voz do ACNUR, Yusuf Hassan, disse à Reuters que mais de 50 mil afegãos chegaram ao campo de refugiados de Jallozai, a sudoeste de Peshawar, nos últimos dez dias, quase três vezes mais que os 18 mil contados na semana anterior.
O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas no Paquistão diz que, se não for enviada mais ajuda nos próximos dias, irão esgotar-se as últimas reservas de alimentos para os refugiados.