Reserva Natural das Dunas de São Jacinto combate crescimento descontrolado de acácias

Foto
A acácia foi introduzida na reserva no século XIX para fixar as areias DR

Em cerca de 500 dos 700 hectares da Reserva Natural das Dunas de São Jacinto, Aveiro, as acácias estão a ganhar terreno para as espécies autóctones como os amieiros, salgueiros e choupos. Para combater esta espécie exótica, com comportamentos invasores em grande parte do litoral, a reserva faz cortes regulares, nem sempre com o sucesso esperado.

Para Gilberto Silva, responsável pela estratégia de combate à acácia de espigas (Acacia longifolia) na Reserva Natural das Dunas de São Jacinto, - a espécie exótica mais abundante das seis que crescem na área - o mais importante "é ter persistência e paciência", num processo que considera "complexo".

O método utilizado é o corte das árvores, de forma a não deixar rebentos, ramos ou sementes. "Em sendo bem cortada", as probabilidades da árvore voltar a germinar nos próximos anos é menor, explicou ao PUBLICO.PT Gilberto Silva.

Quando a acácia foi introduzida no século XIX para fixar as areias, não se imaginava a sua "grande capacidade de regeneração" e de proliferação, acabando por ocupar actualmente quase toda a área da reserva.

A estratégia adoptada é "concentrar os esforços em áreas onde já foram obtidos bons resultados e tentar aumentá-las", gradualmente.

Apesar de ser um processo "muito complicado, não podemos cruzar os braços", caso contrário a situação só se agravaria, alerta o responsável.

Questões financeiras, de recursos humanos, condições atmosféricas e tipos de solo são algumas das variáveis a ter em conta no combate às acácias. Segundo explicou Gilberto Silva, não é recomendável cortar grandes áreas, correndo o risco de provocar o processo da erosão dos solos e a altura mais indicada para actuar é antes do período de floração e germinação das sementes.

Eucalipto também preocupa ambientalistas

José Paulo Martins, presidente da Quercus - Associação Nacional da Conservação da Natureza - também se mostrou preocupado com a invasão de espécies exóticas como a acácia, mimosa ou eucalipto, esta última abrangendo 700 mil hectares nacionais, a números de 1995.

"Há que rever a legislação relativa ao crescimento dos eucaliptos, nomeadamente quanto às coimas. Além disso, devia juntar-se a legislação dispersa", contou ao PUBLICO.PT.

"É preciso limitar o crescimento das exóticas um pouco por todo o país e apostar na prevenção, fiscalização, remoção e promoção das espécies locais", acrescentou o ambientalista.

Em Fevereiro do ano passado, peritos das Nações Unidas afirmavam que as espécies exóticas invasoras tornaram-se um flagelo para a biodiversidade do planeta, ameaçando as populações e causando dezenas de milhares de dólares de prejuízos económicos por ano.

Sugerir correcção
Comentar