João Jardim diz que Madeira vive situação colonial

A Região Autónoma da Madeira vive ainda uma situação colonial e necessita de liberdade constitucional, sendo esta a falta que o presidente do Governo aponta num balanço de 25 anos à frente dos destinos do arquipélago.

"Falta a liberdade constitucional que a Madeira ainda não tem, visto que o Estado colonial ainda não foi capaz de se desprender do excesso de poderes que detém sobre este território", disse, ao ser questionado com o que falta à região após 25 anos de ininterrupta governação.

Alberto João Jardim reivindica o reforço dos poderes legislativos da Assembleia Legislativa Regional em futura Revisão Constitucional porque, como sustenta, "não está em causa a unidade nacional", sendo por isso necessário resolver a questão, um direito que o arquipélago tem "no quadro da unidade nacional".

A 17 de Março de 1978, Alberto João Jardim deixou o cargo de director do Jornal da Madeira (JM), onde, durante três anos, assinou a rubrica "Tribuna Livre", para assumir o cargo de presidente do Governo Regional.

A institucionalização da autonomia política, a criação de novos instrumentos económicos como o Centro Internacional de Negócios da Madeira, obras públicas - vias rápidas, novas estradas, ampliação do aeroporto, escolas, centros de saúde, portos, entre outras - a implantação da Universidade da Madeira, o desenvolvimento económico da região e muita irreverência marcaram os 25 anos de governação de Alberto João Jardim.

Para a oposição madeirense, os 25 anos de "Jardinismo" trouxeram algum desenvolvimento à Região mas a democracia saiu danificada.

Duarte Caldeira, líder do Grupo Parlamentar do PS-M na Assembleia Legislativa Regional, diz que os 25 anos de Alberto João Jardim traduzem "uma democracia musculada, com vários tipos de pressão sobre a oposição e com grande favoritismo aos alaranjados". "São 25 anos de guerrilha permanente e insultos aos Governos da República e às instituições nacionais", afirma.

Para o presidente do Grupo Parlamentar do CDS/PP-M, José Manuel Rodrigues, é "um balanço positivo para a Região Autónoma da Madeira, independentemente das diferenças ideológicas e perspectivas de desenvolvimento".

Roberto Almada, deputado à ALR pela UDP-M, também reconhece em João Jardim "uma figura de relevo destes 15 anos de autonomia, mas para o bem e para o mal". Critica a sua política virada para o betão e lamenta que 25 anos depois, a área social continue esquecida.

Edgar Silva, deputado do PCP-M à ALR, manifesta igualmente a opinião de que as assimetrias sociais não se esbateram e que o que ficou "é um regime absolutista devido à teia de subsídio-dependências que criou e que não se dissipará tão cedo".

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